A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS convidou nesta quinta-feira, 18, servidores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-secretário de Jair Bolsonaro (PL) para prestarem depoimentos no colegiado. Os pedidos se originaram de um acordo entre União e oposição, que converteram a convocação – presença obrigatória – em convite facultativo.
Associados à atual gestão, o advogado-geral da União, Jorge Messias, o controlador-geral da União, Vinicius de Carvalho, e o diretor-geral da PF (Polícia Federal), Andrei Rodrigues, estão entre os solicitados.
Já o ex-secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia no governo Bolsonaro, Bruno Bianco, também teve o convite aprovado e deve ser ouvido pela comissão. No fim do mandato, entre 2021 e 2022, Bianco atuou como advogado-geral da União.
Ao justificar a convocação de Bianco, a CPMI argumenta que ele “chancelava a legalidade de atos administrativos, alterações legislativas, pertinentes à realização de descontos associativos nos benefícios dos segurados”.
+ CPMI do INSS aprova convocação de parentes e sócios de investigados
O presidente da CPMI, senador Carlos Vianna (Podemos-ES), elogiou o acordo para convocação e convite de autoridades e investigados.
“É muito bom e prazeroso ver, nos pedidos e requerimentos aqui, que tanto o governo, quanto a oposição, concordam nas convocações. É uma demonstração clara do compromisso desta CPMI em dar resposta ao povo brasileiro”, comemorou.
Além deles, foram chamados empresários, líderes e dirigentes de associações suspeitas de estarem envolvidas nos descontos ilegais de beneficiários e pensionistas. A comissão ainda pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) – mais especificamente ao ministro André Mendonça – a disponibilização da lista de senadores e deputados “implicados” na Operação sem Desconto.
Oitivas
Nesta quinta-feira, a CPMI do INSS prevê a oitiva de seis pessoas, entre sócios e familiares de Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, e do empresário Maurício Camisoti, apontados como os principais operadores do esquema de corrupção.
A decisão de convocar sócios e familiares desses investigados foi tomada depois que Careca do INSS e Camisoti não compareceram às sessões da CPMI amparado por habeas corpus do ministro André Mendonça.
A CPMI ouve nesta manhã o advogado Nelson Willians, dono de um dos mais caros escritórios de advocacia do país e que se tornou conhecido por ostentar em suas redes sociais uma vida de luxo.
Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o escritório do advogado movimentou cerca de R$ 4,3 bilhões em operações suspeitas, entre 2019 e 2024, e grande parte dessas transações envolveram Maurício Camisotti, a quem teriam sido repassados ao menos R$ 15,5 milhões.
Durante a oitiva, o advogado Willians tem sustentado que não tem relação com o objeto da investigação, se negando a responder algumas perguntas dos parlamentares.