CPMI do INSS: com Planalto contra, 51% dos apoios são de partidos da base de Lula

Apoio de deputados do Centrão já era esperado, mas adesão de parcela do PSB pegou aliados de Lula de surpresa

CPMI do INSS: com Planalto contra, 51% dos apoios são de partidos da base de Lula

Mesmo com a pressão contrária do Palácio do Planalto, deputados e senadores de partidos com ministérios na Esplanada deram mais da metade das assinaturas para a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Das 259 assinaturas, 133 são de parlamentares de partidos ministeriáveis.

As assinaturas de deputados e senadores do União Brasil, MDB, PSD, Republicanos e Progressistas já eram esperadas, já que os partidos se dividem entre base e oposição no Congresso Nacional. A surpresa ficou por conta do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, que deu ao menos seis apoios ao texto.

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Uma das assinaturas é da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que chegou a ser cotada para assumir o Ministério de Ciência e Tecnologia. Outros quatro deputados da legenda e o senador Flávio Arns (PSB-PR) também assinaram a lista. Além da vice-presidência e do Ministério da Indústria com Alckmin, a legenda tem o Ministério do Empreendedorismo, sob o comando de Márcio França.

Entre os partidos com ministérios no Planalto, o União Brasil foi o que mais colaborou com assinaturas para a CPMI. O partido que tem o Ministério do Turismo, com Celso Sabino, entregou 39 apoio à comissão. A legenda tinha o Ministério das Comunicações, mas, após a demissão de Juscelino Filho, a indicação passou a ser exclusiva do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

O Progressistas, que tem o André Fufuca no Ministério dos Esportes, contou com 29 parlamentares favoráveis ao colegiado. Entre eles está Ciro Nogueira (PI), presidente da legenda, que é um dos líderes da oposição ao governo Lula.

Republicanos, representado por Silvio Costa Filho no Ministério de Portos e Aeroportos, deu 24 assinaturas, incluindo a do presidente da legenda, deputado Marcos Pereira (SP), enquanto o PSD, com três ministérios (Minas e Energia, Pesca e Agricultura) colaborou com 20 parlamentares. Já o MDB, também com três ministérios (Transportes, Cidades e Planejamento), entregou 15 assinaturas.

A CPMI do INSS

O pedido de criação da CPMI já era esperado há semanas nos bastidores, mesmo com a resistência interna de pares do Centrão e do Palácio do Planalto. A oposição tem pressionado a instalação do colegiado para tentar colar os desvios de valores dos aposentados no governo petista.

No fim de março, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal deflagraram uma operação que mirava a alta cúpula do INSS por suspeita de descontos indevidos nas aposentadorias de beneficiários da entidade. De acordo com as investigações, associações ligadas ao instituto descontaram valores sem a autorização dos aposentados.

Na ocasião, seis servidores do INSS foram afastados, incluindo o então presidente da entidade, Alessandro Stefanutto, demitido após a operação. O valor total dos desvios chegam a marca de R$ 6,3 bilhões e teriam começado em 2016, no governo Michel Temer (MDB).

Bolsonaristas pressionam o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para acatar a criação da CPMI na próxima sessão do Congresso Nacional. Entretanto, Alcolumbre segue a linha do Palácio do Planalto e tende a engavetar o pedido.

Além da CPMI no Congresso, deputados forçam o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a aceitar a criação de uma CPI na Casa. Motta também tenta segurar o avanço nos bastidores e afirma que tem ao menos 12 pedidos na frente.