CPMI do INSS: Ciro Nogueira diz que é ‘inútil’ governo tentar emplacar relatoria

Mesmo com adiamento na análise, senador crê que comissão sairá do papel com oposição em destaque

Katê Takai/ISTOÉ
Líder da minoria no Senado, Ciro Nogueira (Progressistas-PI) acredita que CPMI do INSS deve sair do papel e com protagonismo da oposição Foto: Katê Takai/ISTOÉ

O senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) classificou como ‘inútil’ a tentativa do Palácio do Planalto de emplacar nomes para os postos-chave da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que tem como objetivo investigar as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, o ex-ministro do governo Bolsonaro defendeu que o protagonismo da comissão no colegiado seja da oposição.

Nos últimos dias, o Planalto e líderes do governo têm tentado negociar um nome próximo da cúpula petista para a presidência e a relatoria do colegiado, capitaneado pela oposição. O governo tenta evitar que as investigações gerem uma nova crise sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que vire munição para a oposição na véspera de um ano eleitoral.

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Entre os nomes cotados para a relatoria da CPMI está o da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), uma das governistas que assinaram o requerimento para a abertura da comissão. Para a presidência, há discussões para que seja um senador de Centro, mas que tenha “um pé” no governo.

“Uma tentativa inútil, porque a verdade não dá para ser escondida. Essas pessoas vão ter que prestar contas no próximo ano sobre se tentaram encobrir quem roubou os aposentados do país”, disse Nogueira.

O presidente nacional do Progressistas ainda disse acreditar que a CPMI do INSS sairá do papel mesmo após o adiamento da análise do requerimento. A leitura estava prevista para o dia 27 de maio, mas o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), anunciou o adiamento da discussão para a sessão de 17 de junho. A prorrogação atende ao governo, que tenta ganhar prazo para negociar os postos-chave.

“Não tenho dúvida que vai acontecer [o andamento da comissão], apesar do governo querer impedir de todas as formas que se esclareçam esses fatos. Nós vamos, com certeza, descobrir quem assaltou e quem roubou os aposentados do país”, afirmou o parlamentar.

Crise no INSS

Em abril, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram uma operação que mirou desvios de valores de aposentados e pensionistas do INSS que geraram prejuízos de até R$ 6,3 bilhões. Na ocasião, seis pessoas foram afastadas, incluindo o então presidente da entidade Alessandro Stefanutto.

De acordo com as investigações, associações ligadas ao INSS faziam cobranças sem a autorização do aposentado. Até o momento, cerca de 1,7 milhão de beneficiários apontaram as cobranças indevidas e solicitaram o reembolso avaliado em R$ 1 bilhão.

A denúncia gerou a demissão de Stefanutto, além da saída do então ministro da Previdência Social Carlos Lupi, responsável pela indicação do antigo presidente. Lupi chegou a admitir que soube dos desvios ainda em 2023, mas negou qualquer tipo de omissão sobre o caso.