O sempre combativo – e às vezes exagerado – bom senador Randolfe Rodrigues (Rede) informou ter conseguido as 27 assinaturas necessárias para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a fim de investigar possíveis irregularidades na distribuição de verbas no Ministério da Educação, após a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e dois pastores suspeitos de corrupção, formação de quadrilha e tráfico de influência.

A notícia não é nada boa para Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e muito menos para a base do seu desgoverno, pois a concentração da gigantesca verba do MEC, como praticamente tudo, aliás, está nas mãos dos líderes do centrão, neste caso, notadamente, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. O FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação) é comandado por Marcelo Lopes, seu ex-chefe de gabinete

O FNDE possui orçamento superior a 60 bilhões de reais e está no olho do furacão deste mais recente escândalo. Mas não só: a CGU (Controladoria Geral da União) já identificou uma série de contratos suspeitos e indícios de fraudes em licitações, como a da compra de carteiras escolares, no valor de 1,6 bilhão de reais, potencialmente com sobrepreço. Há também outros casos, como um contrato de 90 milhões de reais com a UnB.

Uma CPI, portanto, teria o potencial de estrago duplo, podendo acertar tanto o patriarca do clã das rachadinhas quanto seus mais próximos e graduados sócios do centrão. Por isso, a despeito da posição de Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado, que prefere ‘cautela’ neste momento, os senadores de oposição se articulam – pretendem chegar a 30 assinaturas – e tentarão emparedar o governo. Motivos para terem sucesso não faltam.