05/06/2023 - 23:18
A Comissão Parlamentar de Inquérito de Manipulação de Resultados tem reunião nesta terça-feira, para aprovar requerimentos de convocação e convite a pessoas que os deputados creem ser pertinentes ouvir. Não haverá depoimentos, portanto, neste próximo encontro na CPI, instaurada com a promessa de refazer os passos da investigação do Ministério Público de Goiás, responsável por desencadear duas fases da Operação Penalidade Máxima.
No encontro desta terça, os deputados vão votar requerimentos de convite e convocação. Estão na pauta 71 requerimentos, mas alguns deles são repetidos, uma vez que mais de um parlamentar convocou ou convidou a mesma pessoa.
São os casos, por exemplo, do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Augusto Passos Rodrigues, convidado pelos deputados Fred Costa (Patriota-MG), Yury do Paredão (PL-CE) e Albuquerque (Republicanos-RR) para, justificam os parlamentares, “ajudar”, “contribuir” e “prestar informações” à Comissão, e do presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), Wesley Callegari Cardia.
O espectro dos convidados a falar na CPI é tão amplo que vai desde o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, até figuras políticas como a ministra do Esporte, Ana Moser, e representantes da Associação Brasileira de Defesa da Integridade do Esporte (Abradie).
Os 15 jogadores que já foram denunciados pelo MP de Goiás nas duas fases da Operação Penalidade Máxima foram convocados pelos deputados a depor na CPI, bem como os a aliciadores e financiadores também denunciados no esquema, incluindo Bruno Lopez de Moura e Thiago Chambó, que estão presos e são apontados como dois dos chefes da quadrilha. Alguns parlamentares fizeram convocações individual a parte desses atletas.
Eduardo Bauermann, zagueiro afastado pelo Santos, por exemplo, foi convocado, na condição de investigado, pelos deputados Luciano Vieira (PL-RJ) E Yury do Paredão. O jogador teve pena leve na Justiça desportiva. O STJD desqualificou a denúncia e aplicou gancho de apenas 12 partidas.
Os deputados também chamaram o presidente da Comissão dos Árbitros de Futebol de Goiás, e presidente do Sindicato dos Árbitros do mesmo Estado, ainda que não haja, até o momento, provas ou indícios da participação dos juízes no esquema fraudulento de apostas.
André Rizek, jornalista e apresentador do grupo Globo, foi convocado, na condição de testemunha, pelo deputado Márcio Marinho (Republicanos-RJ), para “falar sobre as semelhanças da Máfia do Apito de 2005 com o esquema das casas de apostas”.
São 13 requerimentos de convites, 44 de convocação, 12 que contempla ambos e um de requisição, este feito pelo deputado Ricardo Silva (PSD-SP), que pede ajuda da Polícia Federal, da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) no “assessoramento” dos parlamentares que compõem a CPI.
A CPI tem Felipe Carreras (PSB-PE) como relator e Julio Arcoverde (PP-PI) na presidência. A primeira vice-presidência é de André Figueiredo (PDT-CE) e a segunda, de Daniel Agrobom (PL-GO).
Em uma de suas falas, Carreras prometeu que a Comissão não iria “terminar em pizza”. “O futebol brasileiro está doente, está em crise. São muitas as interrogações que nós temos. Essa CPI, pode escrever, anotar e quebrar, não vai terminar em pizza”, vaticinou.
Na semana passada, foram ouvidos o promotor de Justiça Fernando Cesconetto, o procurador-geral Cyro Terra Peres, ambos responsáveis pela chamada Operação Penalidade Máxima, e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que denunciou casos de manipulação de resultados cometidos dentro de seu próprio clube, dando início à operação do MP.
Segundo o cronograma, haverá reuniões, audiências, missões oficiais e outras diligências até o dia 13 de junho. De 18 a 31 do mesmo mês, os deputados estarão em recesso. Depois, as atividades são retomadas até a CPI ser concluída. A previsão é de que isso aconteça em 28 de setembro.