Nosso drama não é novo e o fim da história é sempre velho. O Brasil sofre, há décadas, dos mesmissimos males. A política mofada e corrupta nos domina implacavelmente.

Sarney foi o fundador do tal Centrão logo após deixar a Presidência. De lá para cá, todos os presidentes, em um momento ou outro, beijaram as mãos sujas dos seus caciques.

Renan Calheiros é o maior expoente dessa gangue. Desde o primeiro mandato, que deveria ter sido o único!, de FHC, o alagoano esteve presente em todos os governos.

Abatido pela Lava Jato, só não foi preso ou condenado como deveria por conta das gavetas amigas do STF, que servem de ‘caminha’ para o sono profundo de seus processos.

Mas quem foi rei jamais perde a majestade, e Renan está aí para provar. Alçado a relator da CPI da COVID, Calheiros retoma os holofotes e a caneta chantagista do poder.

Aparentemente opositor ao governo Bolsonaro, Renan promete fazer picadinho do verdugo do Planalto. Porém, sendo quem é, não surpreenderia se desse um cavalo de pau.

Se há um político sem ideologia e sem paixões neste País, esse é Calheiros. O atual senador move-se exclusivamente por seus próprios interesses; quase sempre obscuros.

Ele irá usar a CPI como achar melhor: ora irá atacar Bolsonaro, ora irá passar pano. Ora irá enaltecer Lula, ora irá criticá-lo. Mas estará sempre de olho nos próprios umbigo e bolso.

Prova disso é que, em seu primeiro ato, aproveitou a ribalta e atacou Sergio Moro e Deltan Dallagnol. E não o fez, é claro!, por seu espírito, digamos, legalista. Ou garantista, vá lá.

Renan é como uma ave de rapina, uma víbora peçonhenta. Estará sempre à espreita para o bote mortal. Uma CPI com um relator destes é absolutamente imprevisível. E maculada na origem.