Quem viu Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, todo choroso na TV ao comentar a morte do senador Major Olímpio, um dos mais combativos parlamentares, imaginou que ele fosse anunciar a abertura da CPI da Covid, pedida por grande parte dos componentes da Casa, inclusive por seu colega falecido na semana passada. Seria uma forma de punir os responsáveis pela tragédia no Brasil, incluindo Bolsonaro e o general Pazuello. Mas, não. Pacheco preferiu dar de ombros aos congressistas e prestar vassalagem ao ex-capitão, que colocou a máquina do governo para elegê-lo, e mais uma vez rechaçou a instalação da comissão de investigação. Mais grave do que desrespeitar a vontade dos senadores é acobertar criminosos que nos levam a chorar diariamente por milhares de vidas perdidas.

Apelo

Dias antes de contrair a Covid, Olímpio fez um contundente discurso no Senado, em sua última intervenção no Congresso. No dia 11 de fevereiro, na presença de Pazuello, pediu orações por dois senadores mortos pelo vírus (Arolde de Oliveira e José Maranhão), afirmando que eram “vítimas da irresponsabilidade com que a pandemia foi tratada”.

Kamala

Pacheco até mandou carta a Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, pedindo que ela ajude a convencer Biden a liberar para o Brasil as vacinas da AstraZeneca que estão estocadas no seu país. Os americanos já doaram quatro milhões de doses para o México e Canadá, mas Bolsonaro, que apoiou Trump, não está na lista de prioridades de Washington.

Sucessão na Fiesp

Claudio Belli

Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar, já falecido, deverá ser o novo presidente da Fiesp, em substituição a Paulo Skaf. A eleição acontece no próximo dia 5 de julho e Josué é candidato em chapa única. Assim, ele descarta convites feitos por vários partidos para tê-lo como candidato a vice-presidente da República. Ele diz que seu projeto atual é “ajudar a indústria nacional”.

Retrato falado

“Não acredito em candidatura de proveta” (Crédito:MARCO ANKOSQUI)

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, diz não acreditar que os partidos de centro conseguirão consenso para chegar a um candidato que represente o grupo como um todo. Para ele, candidaturas não são produzidas em tubo de ensaio. “Cada um dos partidos do centro terá que procurar seu caminho. Caso não se entendam no primeiro turno, se entenderão no segundo”. Diante da polarização entre Bolsonaro e Lula, o PSD deve ter candidato próprio à presidência da República.

Auxílio capenga

Se Bolsonaro espera melhorar sua avaliação nas pesquisas após a concessão do auxílio emergencial a partir do mês que vem, repetindo o sucesso do ano passado, vai quebrar a cara. O que o governo dará agora é quase uma esmola. A maioria receberá uma média de R$ 250 mensais, em quatro parcelas. Com esse valor, dá para comprar 27,97% dos 25 produtos da cesta básica de alimentos. Ou seja, uma família só vai conseguir comer 10 dias no mês. Porém, muitos receberão apenas R$ 150, com os quais conseguirão comprar 16,78% da comida necessária. Não resolverá o problema da fome. Em 2020, o governo pagou cinco parcelas de R$ 600, bombando a avaliação positiva do mandatário.

Cobertor curto

Além dos valores irrisórios, o número de pessoas atendidas também despencará. Em 2020, o governo destinou R$ 300 bilhões a 68,2 milhões de pessoas e, desta vez, direcionará R$ 43 bilhões a 45,6 milhões de pessoas, deixando 22,6 milhões de brasileiros famélicos ao Deus dará. Discurso não enche barriga.

Novos tempos

Doria sempre teve o PT como adversário histórico e vice-versa, mas os movimentos dos últimos dias estão mudando essa relação. Como presidente do Fórum dos Governadores, Wellington Dias (PT-PI) enviou um vídeo ao tucano elogiando o “trabalho árduo” do governo de São Paulo na produção da vacina Coronavac, “que está salvando vidas em todo o Brasil”.

Keiny Andrade

Lula apoia

A abertura de diálogo entre o PT e o PSDB de Doria conta com a anuência de Lula. O tucano recebeu o apoio dos petistas para eleger Carlão Pignatari (PSDB) presidente da Assembleia de São Paulo, enquanto Doria determinou que a polícia paulista investigasse um empresário de Artur Nogueira que ameaçou Lula de morte em vídeo divulgado na Internet.

Amigos do rei

Divulgação

Arthur Lira continua colocando amigos em postos estratégicos na Câmara, ampliando seu poder de barganha junto a Bolsonaro. Acaba de escolher o deputado Fernando Monteiro (foto), do PP-PE, para presidir a comissão especial que analisará a Reforma Administrativa. o deputado Arthur Maia (DEM-BA) será o relator.

Toma lá dá cá

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo (Crédito:Alan Marques)

O que o sr. achou da fala de Bolsonaro admitindo decretar o estado de sítio?
Estado de sítio é uma situação anormal em que se pode impor restrições. Se fosse para enfrentar a pandemia, ótimo. Mas a preocupação é que esteja sendo pensado para fragilizar a democracia.

Qual é a expectativa com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga?
Como médico, teoricamente ele tem condições de fazer a defesa de medidas amparadas na ciência.

Quais as próximas medidas que o senhor tomará no estado para atenuar o colapso na saúde?
Esta semana chegamos a 91% da ocupação de leitos de UTI e por isso decretamos 14 dias de quarentena para restringir a circulação do coronavírus.

Rápidas

* O ex-ministro Abraham Weintraub estimula aliados a divulgarem nas redes sociais que ele será candidato a governador de São Paulo em 2022. Por isso, funcionários do Banco Mundial, em Washington, onde é diretor, articulam um movimento para afastá-lo da entidade.

* Bolsonaro não ganha uma no Supremo. O ministro Marco Aurélio disse que não é inconstitucional, como pediu o presidente, que os governadores decretem medidas restritivas por conta da pandemia.

* Ciro Gomes (PDT), que prepara estratégia para ser alternativa ao lulopetismo, não descarta contratar o publicitário João Santana, marqueteiro de Lula que foi parar na cadeia por causa do caixa dois nas campanhas petistas.

* Com a morte do Major Olímpio, o empresário Luiz Giordano (PSL-SP), primeiro suplente, assumirá sua vaga no Senado. Ele esteve envolvido em um episódio mal explicado de tráfico de influência na Itaipu no Paraguai.