Não sei vocês, mas fiquei muito decepcionado com o season finale da CPI.

Não me refiro às conclusões, que para ser sincero, nem li.

Me refiro à grossura do relatório final, um catatau de mais de mil páginas, que pouca gente terá condições para ler inteiro antes das eleições de 2022.

Entendo a importância de registrar cada detalhe do que foi apurado, cada descoberta das investigações e depoimentos, cada conclusão sobre as atitudes deste governo, políticos e entidades privadas que levaram, em última análise, a uma das maiores tragédias da história desse País.

Mas deveria ser importante, também, uma versão resumida para que a população pudesse ter fácil acesso ao que foi concluído.
Quem sabe um folhetinho frente e verso com texto em tópicos e uma linguagem bem didática. Pode até vir com uma foto do Omar Aziz sorrindo de um lado e do outro o Renan Calheiros fazendo “ok” com os dedos.

O fato é que, não é o relatório o problema.

No que se refere à comunicação com o público em geral, a CPI está na Idade da Pedra.

Sem uma visão de marketing 360º, talvez, o resultado final dessa e das próximas CPIs não tenha impacto nenhum sobre a sociedade.

Vai se resumir às conclusões, perdidas lá pela página 800 de um relatório, entrará para a História como motivo de estudo dos acadêmicos, mas não vai resultar em nenhuma atitude que leve a qualquer tipo de punição dos envolvidos.

Suspeito, aliás, que essa era nossa última chance de responsabilizar aqueles que causaram a morte de mais de 350 mil, dos 600 mil brasileiros que morreram de covid.

Mas o povo indignado indo às ruas, ou o Congresso desengavetando certos pedidos que poderiam mudar o rumo do Brasil, pode esquecer.

Infelizmente.

E se realmente esse relatório final não levar a nenhuma reação da sociedade ou dos políticos, é importante entendermos as razões, já que uma CPI consome uma imensidão de tempo e dinheiro para, no fim, aceitarmos que não tenha resultados práticos.

Faltou marketing, estou convencido.

Alguns pontos me parecem já evidentes.

Começaria por acabar com esse formato Escolinha do Professor Raimundo.
Estamos em tempos de Netflix, gente.

Sugiro que a CPI seja levava à população no formato de uma série, um episódio por semana, de preferência no sábado ou domingo à noite.

Um episódio bem editado, com cenas das investigações, gente com gravadores escondidos na roupa e reconstituições dos crimes que descobrirem que foram cometidos.

Tipo “A Casa de Papel” nome que, aliás, seria perfeito para nosso caso se já não tivesse sido utilizado.

Tem mais.

Se a CPI será uma série, a escolha do elenco é fundamental.

O relator é o ator principal, o protagonista. E o presidente é seu mais importante coadjuvante.

Para essa CPI eu definitivamente teria cortado Renan Calheiros, que tem o carisma de um cinzeiro, e colocado Randolfe Rodrigues em seu lugar.

Para a Presidência o ideal seria uma mulher.

A senadora Simone Tebet, por exemplo, seria perfeita.

O relatório final não teve a audiência que merecia porque, no que se refere à comunicação com o público em geral, a comissão está na Idade da Pedra

Omar Aziz poderia até ter um papel secundário, sempre contando uma piadinha ou outra para atrair uma audiência mais velha.
Não descartaria, inclusive, atores contratados para os papeis de vilões que não queiram aparecer na série.

Para manter a atenção do público entre um episódio e outro, a CPI teria uma conta no Instagram e outra no TikTok, onde os senadores criariam conteúdo exclusivo para os seguidores.

Com uma série de sucesso como essa, seria inevitável atrair o dinheiro dos patrocinadores.

O que, em breve, acabaria por resultar em outra CPI para descobrir onde foi parar o dinheiro do patrocínio.

Ótimo. Com isso já teríamos uma segunda temporada engatilhada.