PEQUIM, 22 JUL (ANSA) – A proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de fazer uma segunda missão para investigar a origem da pandemia de Covid-19 na China foi chamada de “arrogância” por Pequim nesta quinta-feira (22).   

Segundo o vice-chefe da Comissão Sanitária Nacional, Zeng Yixin, que convocou uma coletiva de imprensa para falar especificamente sobre o tema, esse desejo “mostra a arrogância contra a ciência”. Ele ainda disse que “o governo não aceitará tal plano de rastreamento das origens porque, em alguns aspectos, isso ignora o bom senso e desafia a ciência”.   

Zeng afirmou ter ficado “surpreso” ao ler o plano dessa segunda investigação porque havia, entre os motivos citados, uma “possível violação chinesa dos protocolos” do laboratório de Wuhan e que poderia ter ocorrido um vazamento involuntário do coronavírus Sars-CoV-2.   

“Esperamos que a OMS reexamine seriamente as considerações e as sugestões dos especialistas chineses e trate a busca pela origem da Covid-19 como uma questão científica, liberando-se das interferências políticas”, pontuou ainda.   

Em janeiro e fevereiro deste ano, uma comissão de especialistas internacionais foi a Wuhan, primeiro local no mundo a notificar um surto de uma “pneumonia diferente”. O relatório apontou que o coronavírus Sars-CoV-2 era natural e que a possibilidade de ele ter escapado do laboratório “era praticamente inexistente”.   

No entanto, desde então, há uma pressão internacional gigantesca na OMS, liderada pelos Estados Unidos e, em menor grau, pela União Europeia, para que a China forneça supostos dados que teriam sido apagados pelo governo. Por outro lado, os chineses cobram o órgão internacional de fazer a pesquisa sobre a origem da Covid-19 em outras nações.   

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“Apresentamos em 4 de julho à OMS as nossas recomendações para a fase 2, considerando que o estudo deveria ser apresentado em um trabalho conjunto OMS-China e conduzido em muitos outros locais em todo o mundo depois das consultas completas com os Estados-membros da agência”, acrescentou.   

Sobre as acusações de que o país omitiu informações iniciais, Zeng voltou a reafirmar que a China forneceu todos os dados disponíveis.   

“Nós apresentamos os dados dos 174 primeiros pacientes à comissão [da OMS] e nós os analisamos de maneira conjunta. Mas, por causa de restrições legais, o perfil dos pacientes e outros conteúdos que envolvem a privacidade, eles não podem ser copiados e conservados por especialistas estrangeiros. Isso é uma prática comum e os especialistas [da agência] entenderam isso”, acrescentou.   

Após a coletiva chinesa, um porta-voz da Comissão Europeia afirmou que “é preciso levar adiante o trabalho” da primeira pesquisa “sem excluir nenhuma possibilidade”. “Para nós, é importante que haja um debate científico aberto, transparente e uma revisão entre pares, fundamental para chegar a conclusões de alto padrão”, acrescentou.   

Até hoje não se sabe como o Sars-CoV-2 fez o chamado “salto de espécie”, ou seja, saiu do mundo selvagem e infectou os humanos de maneira efetiva. Acredita-se que esse coronavírus, como inúmeros outros, venha de morcegos. (ANSA).   


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