Uma nova linhagem do vírus da Covid-19, conhecida pelo nome XEC, foi identificada em três estados do Brasil – São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O primeiro caso aconteceu em setembro, detectado no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), na capital fluminense. A mutação, que já se espalha pelo mundo, é uma subvariante da Ômicron.

A Organização Mundial da Saúde classificou a XEC como uma variante em monitoramento, o que ocorre quando há mutações no genoma que podem afetar o comportamento do vírus e apresentar “vantagens de crescimento” em relação às outras cepas.

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Como surgiu

De acordo com o IOC, a XEC se originou de uma recombinação genética entre linhagens derivadas do Ômicron. Esse fenômeno acontece quando uma pessoa é infectada por duas cepas diferentes do vírus e elas interagem entre si. A subvariante levantou a atenção de especialistas no meio deste ano, quando o número de casos na Alemanha aumentou. A cepa se espalhou rapidamente pela Europa, Ásia, Américas e Oceania, somando 35 países infectados.

Ainda segundo a Fiocruz, o genoma da XEC possui diferentes mutações que podem facilitar sua propagação, além de segmentos das linhagens KS.1.1 e KP.3.3.

“Um motivo para a preocupação é que a XEC se moveu rápido o suficiente para ultrapassar o crescimento de todas as outras variantes do SARS-CoV-2 em algumas áreas da Europa. A taxa de infecções por XEC que eles estão vendo em alguns países aumentou muito rapidamente em comparação com variantes anteriores nesses mesmos lugares”, disse o especialista Scott Roberts, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, em comunicado sobre o tema.

Apesar disso, a OMS não classificou a nova versão da Covid-19 como uma variante preocupante e a manifestação do vírus no Brasil ainda deve ser monitorada: “Em outros países, essa variante tem apresentado sinais de maior transmissibilidade, aumentando a circulação do vírus. É importante observar o que vai acontecer no Brasil. O impacto da chegada dessa variante pode não ser o mesmo aqui porque a memória imunológica da população é diferente em cada país, devido às linhagens que já circularam no passado”, afirmou a virologista Paola Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC.

Sintomas

Os cientistas acreditam que a nova cepa do vírus pode ser mais transmissível do que outras linhagens, mas afirmam que serão necessários mais estudos para entender o comportamento da doença em solo brasileiro. Os sintomas da XEC são os mesmos identificados nas versões anteriores da Covid-19, sendo eles:

  • Febre
  • Cansaço
  • Dores pelo corpo
  • Dor de garganta
  • Tosse

Vacinas e prevenção

Não é possível garantir 100% de compatibilidade entre uma vacina e um vírus em constante mutação, mas o especialista em doenças infecciosas de Yale, Scott Roberts, afirma que a expectativa é que a atual vacina, usada para prevenir a Ômicron, continue sendo eficiente contra a nova versão. “Deste ponto de vista, embora esta nova variante possa diminuir um pouco a imunidade que as vacinas fornecem, estou otimista de que ainda teremos algum grau de proteção contra infecções recentes e vacinas atualizadas”, declarou. Desse modo, a melhor maneira de se prevenir da variante é tomando as vacinas que já estão disponíveis para a população.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e do Infogripe, da Fiocruz, não houve alta nos casos de Covid-19 na cidade. A virologista do IOC, Paola Resende, porém, ressalta o enfraquecimento do registro genômico do SARS-CoV-2 no Brasil e diz que o cenário ainda requer monitoramento.

“Atualmente, estamos sem dados genômicos de diversos estados porque não tem ocorrido coleta e envio de amostras para sequenciamento genético. É muito importante que esse monitoramento seja mantido de forma homogênea no país para acompanhar o impacto da chegada da variante XEC e detectar outras variantes que podem alterar o cenário da Covid-19″, destacou Resende.