Para o físico Antonio José Roque, diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) de Campinas, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o grande desafio na pesquisa pela cura da covid-19 é encontrar um fármaco que funcione contra o coronavírus, mas que seja seguro para o paciente. Segundo ele, o CNPEM não trabalha com a produção de vacinas.

O trabalho de uma centena de cientistas da instituição se concentra na identificação de medicamentos, entre os já existentes, que ofereçam a maior possibilidade de enfrentamento da doença. Para isso, segundo o diretor do órgão, os cientistas vão usar análises de dados fornecidos ao moderno sistema de computadores conhecido como Sírius, um projeto de quase R$ 2 bilhões, iniciado em 2012.

Ao todo, estão sendo analisados cerca de 2 mil remédios com potencial para combater o Sars-CoV-2.

Somente uma vacina desenvolvida rapidamente poderá evitar que milhões de pessoas morram e permitir que a economia volte a funcionar.

A avaliação é do médico Edecio Cunha Neto, professor da USP que faz parte da equipe da pesquisa do Incor. O estudo já foi iniciado com o primeiro grupo de cem doadores de sangue voluntários.

De acordo com o médico, há hoje cerca de 170 grupos de cientistas no mundo trabalhando em uma vacina para a covid-19.

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O grupo de cientistas do Incor, em conjunto com o Instituto de Ciências Biomédicas da USP e a Escola Paulista de Medicina (Unifesp), tem a coordenação de Jorge Kalil e opera para detectar anticorpos e linfócitos T de células de defesa do organismo de pacientes que tiveram a doença para, com esse material de doadores, descobrir quais partes do vírus podem ser atacadas pela vacina, com segurança, para evitar a invasão celular e replicação do vírus.

A questão da imunização, de acordo com os cientistas, é que o grupo que sair na frente com uma vacina terá de apresentar um produto de qualidade, ou seja, com a capacidade de imunizar por longo prazo e com segurança.

O time que conseguir resultado positivo primeiro, argumentam os cientistas, vai abastecer seus doentes, depois os infectados dos parceiros de seus países de origem para, depois, permitir a exportação do produto. Essa operação significa que, se o Brasil ficar dependente de descobertas estrangeiras, pode ficar por longo período sem acesso à vacina. Por isso, raciocinam os pesquisadores nacionais, é preciso desenvolver aqui uma tecnologia.

Há ainda um ponto pouco destacado: é pouco provável que a primeira ou segunda vacina seja altamente eficaz. O desenvolvimento de imunizantes é imprevisível até o fim.

“Temos então essas que já estão sendo testadas em humanos e sairão mais rápido, mas não se pode garantir que alguma dessas vai funcionar”, diz o médico.

No caso da vacina do HIV, de todas as que foram testadas até agora, nenhuma funcionou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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