ROMA, 28 MAI (ANSA) – O presidente a Itália, Sergio Mattarella, entregou nesta segunda-feira (28) ao economista Carlo Cottarelli a missão de tentar formar um novo governo ao país. A decisão já era esperada, após a saída, ontem, do premier encarregado Giuseppe Conte. Cottarelli teve uma reunião com Mattarella nesta manhã, no Palácio do Quirinale, mas aceitou o encargo com “reservas”.   

Diante das tensões nos mercados e das críticas da imprensa internacional à possibilidade do novo governo da Itália não honrar seus débitos com a União Europeia, Cottarelli fez seu primeiro discurso tentando acalmar os ânimos e demonstrando compromisso. Em uma coletiva de imprensa após o encontro com o presidente, o economista disse que tentará formar um governo “neutro”, pois não pretende ser candidato nem político. Ele também comentou que, se não conseguir o voto de confiança do Parlamento, convocará eleições depois de agosto.   

“O governo [se formado] manteria uma neutralidade completa em relação ao debate eleitoral. Me comprometo a não me candidatar e pedirei o mesmo a todos os membros do meu futuro governo”, disse.   

“Vou me apesentar com um programa que, para o voto de confiança, incluirá a aprovação da lei orçamentária e, depois, a dissolução do Parlamento e eleições em 2019”, anunciou.   

“Nos últimos dias, houve tensões nos mercados financeiros, apesar da economia italiana estar em crescimento. As contas públicas permanecerão sob controle. Um governo guiado por mim asseguraria uma gestão prudente das nossas contas”, prometeu.   

Nascido em 1954, em Cremona, o economista tentará articular com as forças políticas um novo governo para a Itália, que está sem liderança desde março. “Aceitei a missão de formar um governo, como me pediu o presidente da República. Estou muito honrado, como italiano, deste encargo e darei meu melhor”, disse.   

Cottarelli fora convocado pelo presidente horas depois de Conte abandonar a função devido a um entrave na lista de ministros. O presidente se opôs fortemente à lista apresentada por Conte que continha a indicação do eurocético Paolo Savona para o Ministério da Economia da Itália. Savona, um defensor da saída do euro e um crítico da União Europeia, era desejado no governo pelo partido ultranacionalista Liga Norte, de Matteo Salvini. A objeção de Mattarella ao governo formado por Conte foi vista com repulsa pelos partidos vencedores das eleições de março, a Liga Norte e o Movimento 5 Estrelas (M5S), que, apesar das divergências políticas, uniram-se na tentativa de formar um governo de coalizão.   

Os partidos acusam Mattarella de traição e de ter tomado uma decisão antidemocrática. Várias legendas de direita já falam em processo de impeachment do presidente.Segundo eles, o mandatário tomou uma decisão unilateral que desrespeita o que os eleitores escolheram nas urnas.   

“O Partido Democrático (PD) que foi rejeitado por todos os italianos nas urnas volta agora ao governo. Obrigado, Mattarella. Isso não é democracia. Isso não é respeito ao voto popular”, criticou Salvini. (ANSA)