Em pouco menos de um mês, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) darão adeus aos comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, mas não devem retornar ao “chão de fábrica” do Legislativo. Embora seus destinos venham sendo especulados, há quem diga que eles não estão tão encaminhados como se pensava.
Tanto Lira quanto Pacheco são peças que podem entrar na reforma ministerial que deve ser promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas próximas semanas. A dança das cadeiras deve resultar na criação de um novo ministério, conferir ainda mais poder ao Centrão e ampliar o protagonismo de aliados, como o PSD.
O presidente da Câmara não deve ficar com pastas vistas como “rasas”. A principal tendência é que ele assuma o Ministério da Agricultura, área em que Lula precisa melhorar sua articulação visando as eleições de 2026. Com maioria bolsonarista, o petista acredita que Arthur Lira, um empresário do agro, pode convencer o setor sobre as ações do governo e emplacar um apoio melhor do que teve em 2022.
Lira ainda mira outra pasta, mais robusta e alvo de críticas: a Saúde. Não é de hoje que o Progressistas mira o cargo ocupado por Nísia Trindade. A legenda já havia cobrado a cadeira dela quando ela passou a ser pressionada por mais entregas na área.
Entretanto, interlocutores do Planalto acreditam que será difícil Lula liberar uma das pastas mais importantes do governo. A troca pode até acontecer, mas será por outro nome do PT, como Alexandre Padilha, que tende a deixar a pasta de Relações Institucionais.
Mesmo sendo cotado para ministérios, Arthur Lira já deu sinalizações de que pensará — e muito — na proposta. O presidente da Câmara não quer ficar submisso a Lula, já que conseguiu colocar o petista contra a parede e assumir o controle de situações sensíveis durante os últimos dois anos. Outro fator que pesa é a possibilidade de ser pressionado ou até demitido em caso de alguma polêmica, o que poderia afetar sua imagem.
Lira já se articula para lançar a candidatura ao Senado por Alagoas em 2026 e fazer frente a Renan Calheiros (MDB), seu principal adversário político no estado. Lula já declarou apoio a ambos e deve atuar pela campanha dos alagoanos.
O futuro de Rodrigo Pacheco
Presidente do Senado até o dia 1º de fevereiro, Rodrigo Pacheco é nome quase certo no Palácio do Planalto neste ano. Lula e sua equipe ainda tentam alocar uma pasta para o mineiro, e há possibilidade de desmembramento do Ministério da Justiça e Segurança Pública, atualmente comandado por Ricardo Lewandowski, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A tendência é que Pacheco herde a pasta da Justiça e assuma certo protagonismo nas discussões políticas no Planalto. Ele ainda deve iniciar a pavimentação de sua candidatura ao governo de Minas Gerais.
Rodrigo Pacheco já declarou publicamente que deixará o Senado em 2026 e que não irá se candidatar à reeleição. Lula chegou a pedir para que ele dispute o governo do estado, mas Pacheco pode disputar a preferência com outro ministro palaciano, Alexandre Silveira, atualmente em Minas e Energia.
Silveira foi o principal padrinho político de Fuad Noman na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte e conseguiu emplacar a reeleição, mesmo com as adversidades de saúde do chefe do Executivo municipal. A força cacifou o ministro para alavancar seu nome ao governo do estado.
Nos bastidores, interlocutores dão como certa a saída de Alexandre Silveira da pasta de Minas e Energia. O mineiro deve ser promovido e ganhar uma pasta mais robusta. Por enquanto, seu nome é ventilado na Secretaria de Relações Institucionais, comandada por Padilha e responsável pela articulação entre o Executivo e o Congresso Nacional.
No cabo de guerra pela preferência, a situação é mais favorável a Pacheco. Silveira ainda tem chance de retornar ao Senado, outro foco do ministro, que deve ter uma vida mais fácil no próximo ano, em que duas cadeiras estarão em disputa.
Prazo para as mudanças
O balé das trocas de poder no Palácio do Planalto não tem data definida para acontecer, mas não deve passar de março. Alguns aliados de Lula acreditam que as maiores mudanças devem ser feitas após o Carnaval, quando os trabalhos em Brasília devem ser intensificados.
Já outros avaliam que o petista deve fazer as primeiras movimentações em fevereiro. A prioridade é mexer na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Paulo Pimenta deve retornar à Câmara dos Deputados e ganhar um cargo na liderança de governo para dar lugar a Sidônio Palmeira, publicitário responsável pela campanha de Lula em 2022.