12/09/2018 - 9:48
As estradas da costa leste dos Estados Unidos estavam congestionadas na madrugada desta quarta-feira (12), com longas filas de carros para fugir do Florence, um furacão potencialmente devastador que levou as autoridades a ordenarem a saída de mais de um milhão de pessoas.
Diante do risco de chuvas torrenciais, fortes ventos e inundações, os estados da Carolina do Norte e do Sul e a Virgínia, os mais ameaçados, foram declarados em estado de emergência, assim como Maryland e a capital federal, Washington DC.
As operações de evacuação afetam 1,7 milhão de pessoas. O furacão se desloca a 28 km/h e deve alcançar a costa americana na quinta-feira, segundo as previsões do Centro Nacional de Furacões (NHC).
“Não experimentamos uma tempestade desta magnitude desde a década de 1950”, declarou Jim Wenning, morador de Wrightsville Beach, na Carolina do Norte, reforçando as janelas de um prédio.
ÀS 09h00 GMT (6h00 de Brasília), Florence seguia avançando como uma tempestade de categoria 4, de um máximo de 5 na escala de Saffir-Simpson, com ventos sustentados de 215 km/h, de acordo com o NHC.
Está 925 km ao sudeste de Cape Fear, na Carolina do Norte. Espera-se que atinja as Carolinas entre a quinta-feira à noite e a madrugada de sexta.
As pistas de várias rodovias foram fechadas para permitir um tráfego mais livre, em virtude das ordens de evacuação voluntária e obrigatória, de acordo com a Agência Federal para o Manejo de Emergências (FEMA).
“Já constatamos tráfego muito intenso em algumas rotas de evacuação”, indicou Jeff Byard, da FEMA.
O governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, urgiu às pessoas nas áreas especificadas de evacuação que “saiam agora”.
“Essa é uma tempestade da qual as pessoas têm que fugir”, assinalou Cooper. “Essa é uma tormenta que é histórica, algo que acontece talvez uma vez na vida”, detalhou.
– “Tempestade muito devastadora” –
Da Casa Branca, o presidente Donald Trump pediu que a população obedeça as ordens de evacuação, insistindo que “se pedirem a vocês que vão embora, saiam”.
“Esta será uma tempestade muito maior do que vimos em décadas”, declarou Trump, destacando a preparação do governo. “Não economizamos nenhum gasto”, disse.
Durante a conferência, Trump parabenizou seu governo por sua “incrível e bem-sucedida” resposta à emergência provocada pelo furacão Maria em setembro do ano passado, que deixou quase 3.000 mortos em Porto Rico.
O governador de Porto Rico, Ricardo Rossello, questionou Trump por essas declarações, reivindicou ajuda federal e disse que os habitantes da ilha carecem de “certos direitos inalienáveis de que gozam” nos Estados Unidos.
Durante os dias e semanas após o furacão de 20 de setembro de 2017 Trump foi muito criticado por sua inação contra o desastre generalizado na ilha, que passou semanas sem telecomunicações e meses sem eletricidade em grandes porções do seu território.
O diretor da FEMA, Brock Long, que estava com Trump na Casa Branca, disse que Florence poderia ser “uma tempestade muito devastadora”. “Não haverá energia por semanas”, indicou.
– “Una manta y una almohada” –
Em Washington, o rio Potomac, que ladeia a capital federal, já estava aumentando de nível na terça-feira e suas águas alagaram a cidade de Alexandria, no estado vizinho da Virgínia, onde as autoridades entregavam sacos de areia à população para que se protegessem do aumento do nível.
A emergência declarada para Washington DC pela prefeita Muriel Browser, vigente por 15 dias, citou previsões para Florence de “fortes ventos, chuva e aumento da maré” com “graves efeitos generalizados na região”.
A última vez que Washington DC declarou estado de emergência foi em janeiro de 2016, quando uma tempestade de inverno chamada “Snowzilla” deixou a capital e seus arredores com neve até o joelho.
A Armada americana indicou que se preparava para enviar mar adentro 30 navios estacionados na Virgínia.
Em Charleston, cidade portuária e importante centro turístico, a rota 26 terá circulação em apenas um sentido, na direção norte, para facilitar as saídas.
Michael Kennedy, um engenheiro da Boeing, disse a um correspondente da AFP que iria para Atlanta, onde seus pais moram.
Sua companheira, Emily Whisler, foi convocada pela Universidade de Medicina da Carolina do Sul, onde trabalha como residente em um programa de psiquiatria. “Me disseram para trazer uma coberta e um travesseiro, ficarei lá por vários dias”, afirmou.
Entre agosto e setembro de 2017, três potentes furacões, Harvey, Irma e Maria, causaram a morte de milhares de pessoas e deixaram danos de bilhões de dólares no Caribe e no sudeste dos Estados Unidos.