Costa leste dos EUA registra 2º dia de temperaturas ‘extremamente perigosas’

Espaços interiores com ar condicionado eram os locais favoritos nesta terça-feira (24) para milhões de pessoas suportarem a onda de calor “extremamente perigosa” que atinge o centro e a costa leste dos Estados Unidos, com temperaturas próximas dos 40°C e altos níveis de umidade.

Com temperaturas diurnas superiores a 39°C na costa leste e noturnas em torno de 27°C nos centros urbanos, o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) prevê a quebra de vários recordes diários no centro e na costa leste do país, onde vivem cerca de 160 milhões de pessoas.

Espera-se que esta terça-feira seja o dia mais quente em uma década. A sensação térmica ultrapassa os 43°C em cidades como Washington, Baltimore, Filadélfia e Nova York.

“Este nível de calor pode ser perigoso para qualquer pessoa sem refrigeração adequada e/ou hidratação”, alertam as autoridades.

“Foi uma primavera fria e, de repente, boom, aqui está” o calor, conta à AFP Eleanor Burke, de 82 anos, na Estação Central de Manhattan.

“Parte do problema é que não tivemos tempo de nos acostumarmos. Estamos muito preocupados com o que está acontecendo com as mudanças climáticas”, afirma.

A equatoriana Lucía Pérez, de 61 anos, que foi passar três semanas de férias em Nova York, entra nas lojas em busca do ar condicionado enquanto bebe uma garrafa de refrigerante.

Em seu país, o calor é seco, mas, em Nova York, é “forte demais” e é difícil se habituar a passar o tempo todo transpirando, lamenta ela à AFP.

Segundo o NWS de Nova York, no Central Park, o pulmão de Manhattan, a temperatura alcançou 35°C na segunda-feira, a maior nesta época desde 1888.

A primeira grande onda de calor deste ano nos Estados Unidos, que começou no fim de semana, causou a morte de uma mulher na área de St. Louis, Missouri, de acordo com a imprensa local.

– ‘Prudência’ –

O monumento a George Washington, o obelisco erguido em homenagem ao primeiro presidente dos Estados Unidos, esteve fechado nesta terça-feira e estará novamente na quarta devido ao calor “extremo”, segundo a Comissão de Parques Nacionais.

Também por causa do calor, a empresa ferroviária pública Amtrak anunciou restrições de velocidade em suas linhas na costa leste, o que pode causar atrasos.

A ConEdison, companhia de eletricidade responsável pelo fornecimento em Nova York, pediu aos seus 3,6 milhões de clientes na cidade que usem “com prudência” seus aparelhos elétricos durante os horários de pico de calor e limitem o uso desnecessário do ar-condicionado.

“Se você possui dois aparelhos de ar-condicionado, use apenas um e ajuste-o à temperatura máxima de conforto”, recomendou.

Também pediu aos clientes que evitem carregar seus veículos elétricos, exceto quando absolutamente necessário.

As quedas de energia têm sido um problema nos cinco distritos de Nova York devido ao calor. A ConEdison teve que reduzir algumas vezes a potência nos bairros de Queens e Brooklyn para garantir o serviço.

Maureen Brandon, que vive no condado de Westchester, ao norte de Nova York, já começou a perceber nesta terça as consequências da sobrecarga elétrica em sua casa pelo uso de aparelhos elétricos.

“Fiquei surpresa, porque as luzes estavam piscando em nossa casa”, contou à AFP no centro de Manhattan, onde esteve para um compromisso.

“Enquanto esperava pelo trem, também tivemos a luz intermitente esta manhã”, diz esta mulher de 50 anos.

Espera-se que o calor extremo dure por grande parte desta semana, com temperaturas muito acima da média, alerta o Serviço Nacional de Meteorologia.

De acordo com os cientistas, a maior reincidência de ondas de calor é um claro sinal do aquecimento global e, espera-se que elas aumentem em frequência, duração e intensidade.

O ano passado foi o mais quente já registrado e o primeiro a superar o limite de aquecimento de 1,5°C estabelecido pelo Acordo Climático de Paris, segundo a Organização Meteorológica Mundial, uma agência da ONU.

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