ROMA, 17 FEV (ANSA) – Dois elementos podem estar na base do “complexo quadro clínico” do papa Francisco, segundo a definição do próprio Vaticano: o perdurar de sua condição por vários dias e o efeito do provável uso de tratamentos à base de cortisona, remédio normalmente empregado para curar dificuldades respiratórias.
Essa é a hipótese cogitada em entrevista à ANSA por Massimo Andreoni, professor emérito de doenças infecciosas na Università Tor Vergata, em Roma, e diretor científico da Sociedade Italiana de Doenças Infecciosas e Tropicais (Simit).
“O perdurar do quadro clínico e a provável utilização de tratamentos com cortisona, que tem o efeito de reduzir parcialmente as defesas imunitárias por ser imunossupressora, provavelmente tornaram mais simples o surgimento de novas infecções por bactérias ou fungos, que exigem agora de um ajuste na conduta”, explica.
De acordo com o último boletim divulgado pelo Vaticano, os exames do Papa apontam uma “infecção polimicrobiana nas vias respiratórias, que determinou uma nova mudança no tratamento”, além de indicar um “quadro clínico complexo e que exigirá uma internação hospitalar adequada”.
Na opinião de Andreoni, pode ter contribuído para esse cenário o prolongamento da bronquite de Francisco, “que não teve uma rápida resolução”. “O surgimento dos novos germes pode ter feito necessária uma mudança no tratamento, com remédios mirados contra esses novos germes isolados”, salientou.
Nestes casos, “são utilizados medicamentos antibióticos capazes de bloquear o crescimento de diversos germes”, mas a conduta não deve surtir efeito “antes de um ou dois dias”.
(ANSA).