Corte italiana mantém perpétua de enfermeira por morte de idosos

FLORENÇA, 21 JUL (ANSA) – A Suprema Corte de Cassação da Itália finalizou o caso envolvendo a enfermeira Fausta Bonino, acusada de homicídio múltiplo na morte de quatro pacientes do hospital de Piombino, em Livorno, há mais de 10 anos, e manteve a condenação à prisão perpétua.   

O episódio ganhou ampla repercussão na Itália em 2016 após ser revelada uma investigação sobre a morte suspeita de 13 pacientes entre os anos de 2014 e 2015.   

Todos os hospitalizados tinham entre 61 e 88 anos e foram internados por problemas simples, como ossos quebrados, mas não sobreviveram à internação enquanto esperavam por anestesia.   

As autópsias revelaram que haviam doses de heparina, um anticoagulante, em quantidades até 10 vezes maiores do que as normais nos corpos das vítimas.   

Bonino trabalhava há 20 anos no hospital e chegou a ser presa após a revelação do caso, mas foi colocada para responder em liberdade cerca de um mês depois da detenção.   

Logo depois, ela foi condenada em primeira instância à prisão perpétua por quatro dos 10 óbitos, pena que chegou a ser revertida a um ano e meio de detenção. Em relação às outras seis vítimas, ela foi absolvida.   

Agora, 11 anos após as primeiras mortes suspeitas e nove anos e meio depois de sua prisão, a Suprema Corte manteve sua sentença de prisão perpétua pela morte de quatro idosos.   

Na fundamentação de 140 páginas da decisão, apresentada recentemente e publicada pelo jornal Il Tirreno no último domingo (20), a Corte italiana rejeitou o recurso do advogado de defesa e justificou a prisão perpétua de Bonino, explicando, em resumo, que as provas contra ela são “inequívocas”.   

Nem mesmo a ausência de motivo, confirmada pelo segundo recurso, não foi suficiente para alterar o resultado da prisão perpétua.   

“Apesar de ter examinado exaustivamente o caso para determinar um motivo, não se pode ignorar que o próprio tribunal local concluiu que as provas concretas apresentadas e avaliadas para esse fim se mostraram de tal forma consistentes que não levaram a uma conclusão definitiva quanto à identificação de um motivo claro para a conduta criminosa de Bonino”, acrescenta o texto.   

Sobre esse ponto, foi observado que, embora os documentos revelem “elementos indubitavelmente significativos de possíveis incentivos para a prática do crime, ainda que complementares, esses indícios “não nos permitem estabelecer, com certeza processual, um motivo exclusivo para as ações homicidas”.   

(ANSA).