Mais uma! Nesta quinta-feira, 1º, a atriz Carolina Dieckmann, de 45 anos, revelou que não faz mais parte do quadro de funcionários da TV Globo. Após 30 anos na emissora de Roberto Marinho, ela não teve seu contrato fixo renovado.

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Em seu perfil no Instagram, Carolina Dieckmann compartilhou uma série de imagens de suas personagens e fez um longo texto de agradecimento pela passagem na emissora. Leia abaixo na íntegra!

“Não é que eu comecei na Globo… foi a Globo que me começou. Dia após dia, trabalho após trabalho, eu fui sendo; crescendo; amadurecendo… até chegar aqui. Hoje, mais de 30 anos depois, chegou a hora de dar meu primeiro voo sozinha… mas carrego em cada pena das minhas asas, o suor de muita gente; a generosidade de muitos colegas; a ajuda inestimável de muitos mestres.

Levo comigo as memórias mais preciosas… indizíveis… 11078 dias felizes! São milhões de emoções, entre lágrimas e sorrisos, minhas e do público, e que são a parte mais bonita desse turbilhão que eu vivi desde a primeira cena que eu fiz… tá tudo aqui, tatuado na minha alma e no meu coração. Levo ainda a certeza de que toda vez que eu voltar na Globo será sempre um voo de volta pro ninho”, escreveu na publicação.

Além de Dieckmann, a Globo vem promovendo inúmeros cortes em diversos setores da empresa, alegando necessidade de manter “o processo de transformação e evolução” e “disciplina de contas”.

Como é novo contrato da Globo ?

Nos últimos anos, a Rede Globo tem encerrado o contrato fixo de vários artistas veteranos, como Antonio Fagundes, Stenio Garcia, Marieta Severo, Osmar Prado, entre outros nomes. Agora, o objetivo da empresa é cortar os altos salários e fazer apenas um contrato por obra, algo que acaba deixando os atores livres para negociar trabalhos em outras emissoras ou plataformas de streaming.

A Globo está falindo?

IstoÉ Gente conversou com Higor Gonçalves, jornalista especializado em gestão estratégica de imagem, que fez uma análise sobre o assunto e explicou a nova reformulação da emissora.

“A imagem da Globo, ou seja, a forma como a emissora é vista pelo público, sofreu diversas transformações ao longo do tempo. Da fundação, em 1965, à consolidação como rede nacional de televisão, dez anos depois, passando pela expansão das operações e pela chegada à liderança de audiência, a empresa conquistou uma reputação valiosa. Uma imagem construída a partir de decisões empresariais assertivas, de inovações tecnológicas, produtivas e comerciais bem implementadas, e, não menos importante, de uma gestão de talentos competente. Todos esses elementos, em paralelo a acordos político-econômicos estratégicos para a empresa e a contingências, como a histórica inundação que atingiu o Rio de Janeiro em 1966 e que foi coberta ao vivo pela Globo, ajudaram a construir a reputação da emissora. Uma imagem ora controversa, é verdade, mas também de prestígio, diga-se de passagem. Quem não se lembra, por exemplo, de expressões como ‘padrão Globo de qualidade’ e ‘toda-poderosa’?”, começa o especialista.

“Ocorre que, com a chegada do século 21, e a reboque de transformações político-econômicas, sociais e tecnológicas da primeira década dos anos 2000, a emissora começou a sofrer constantes quedas de audiência, mesmo emplacando produtos de sucesso. Na época, o aumento da renda média causou mudanças nos hábitos de consumo da população, que passou a sair de casa com mais frequência e a migrar para outras fontes de informação e entretenimento. No mesmo período, a internet começou a se popularizar e a atrair parte do público das emissoras abertas de televisão. Um amplo estudo realizado pela Kantar Ibope Media sobre a audiência das TVs abertas brasileiras constatou que, entre 2001 e 2021, a Globo perdeu cerca de 1 em cada 3 telespectadores. A média nas 24 horas do dia em rede nacional, que era de 20,5 pontos em 2001, caiu para 15,3 pontos vinte anos depois. A Globo não foi a única emissora a perder espectadores. Com o crescimento do acesso à internet e a popularização do uso de dispositivos móveis, como celulares e smartphones, uma parcela considerável do público das TVs passou a se inteirar dos acontecimentos e a se entreter de modo online, a partir de portais de notícias, mídias sociais, jogos eletrônicos e serviços de streaming”.

“As mídias digitais conquistaram uma parte significativa do público. Com a debandada da audiência para outras plataformas, a publicidade também dispersou-se. Se antes as TVs disputavam as verbas dos anunciantes apenas com veículos como rádios, jornais e revistas, por exemplo, as alternativas para a exibição de publicidade passaram a ser diversas. Instaurou-se uma ‘guerra pela atenção’. Que, neste momento, está acirradíssima. A Globo vem sentindo esse efeito há cerca de uma década, mas, há pelo menos cinco anos, percebendo que a conjuntura não iria melhorar, começou a enxugar despesas por meio do projeto ‘Uma Só Globo’. A primeira fase ocorreu entre 2018 e 2021, com o intuito de transformar cinco operações do Grupo Globo, incluindo a própria TV Globo, numa única empresa. A intenção era integrar equipes e estruturas, desenvolver novas áreas de atuação, criar novos negócios, buscar fontes alternativas de receitas, e, principalmente, transformar a empresa que estava nascendo em uma ‘media-tech’, capaz de entregar conteúdos e serviços por meio de métodos online que combinam mídia e tecnologia digital, como Netflix e Spotify, por exemplo. Acontece que a primeira etapa da reestruturação chegou ao fim, no segundo semestre de 2021, sem muito a comemorar”, analisa.

“Renegociação de contratos, venda de propriedades e desligamentos de colaboradores tornaram-se uma constante na Globo, que está atravessando um intenso processo de digitalização e focando todas as energias no Globoplay. É importante falar que outros grupos de mídia robustos, no Brasil e no mundo, estão se reestruturando, promovendo cortes e tentando equilibrar despesas e receitas para manterem-se competitivos. No entanto, em termos de imagem, ou seja, de percepção, o caso da Globo é diferente: parte do público tem rejeitado a emissora, sobretudo nos últimos dez anos, por enxergar um suposto alinhamento político-ideológico com pautas consideradas de esquerda. Os atritos públicos com o último governo federal, que foi eficiente em propagar a ideia que a Globo era esquerdista, que conspirava contra o país e que dependia exclusivamente das verbas de patrocínio estatal antes de 2019, também contribuíram para a mudança da percepção. Todos esses fatores, somados às divulgações nos últimos anos de prejuízos financeiros milionários, de demissões voluntárias e compulsórias de famosos e anônimos, e, principalmente, de uma gestão de crise de imagem corporativa ineficaz por parte da empresa, estão transmitindo a impressão de falência. É como um império que está desmoronando. Mas, o fato é que o Grupo Globo não está falindo. Uma evidência incontestável, segundo levantamento recente divulgado pela revista Forbes, é que a família controladora do conglomerado se mantém entre as mais ricas do País.”