Equipes de resgate de Estados Unidos e Canadá esperavam, nesta terça-feira (20), que a chegada de navios especializados em águas profundas e de especialistas permita encontrar o pequeno submersível que desapareceu no Oceano Atlântico perto dos destroços do Titanic, antes que acabe o oxigênio disponível para as cinco pessoas a bordo.

A comunicação com o submersível Titan, de 6,5 metros de comprimento, foi perdida no domingo, quase duas horas depois de iniciar a descida em direção aos vestígios do mítico transatlântico, que se encontram a quase 4.000 metros de profundidade, a cerca de 600 quilômetros de Terra Nova, no Atlântico Norte.

Cinco pessoas viajam no submersível, incluindo o bilionário e aviador britânico Hamish Harding, presidente da empresa de jatos particulares Action Aviation, assim como o empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho, Suleman.

O francês Paul-Henri Nargeolet, mergulhador veterano e especialista nos destroços do Titanic, e Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions, responsável pelos mergulhos turísticos, também encontram-se dentro do Titan, desenvolvido e operado por esta empresa americana que cobra US$ 250.000 (aproximadamente R$ 1,2 milhão) por pessoa pela aventura.

Barcos e aviões dirigem-se ao local para reforçar as intensas buscas realizadas pelas guardas-costeiras dos Estados Unidos e do Canadá, que estão mobilizadas na área.

A Marinha americana está enviando especialistas e uma espécie de guindaste para recuperar objetos volumosos das águas na noite desta terça.

O Pentágono anunciou o envio de um terceiro avião C130 e três C-17, enquanto um robô submarino, enviado pelo Instituto Oceanográfico francês será incorporado às buscas na quarta-feira.

Operação complexa

“Trata-se de uma busca muito complexa e a equipe unificada está trabalhando sem descanso para pôr em andamento o quanto antes os recursos e conhecimentos disponíveis”, disse à imprensa o capitão da guarda-costeira americana, Jamie Frederick.

“Do ponto de vista logístico, é difícil aportar ativos. Requer tempo e coordenação”, acrescentou.

Os socorristas estimam que o submersível disponha de oxigênio para menos de dois dias.

“Restam cerca de 40 horas de oxigênio” no submersível, disse Frederick por volta das 17h GMT (14h de Brasília) desta terça.

Há pouco soube-se que, em 2018, o ex-diretor de operações marinhas da OceanGate Expeditions foi demitido depois de manifestar preocupações com a segurança do Titan.

Em uma ação judicial, David Lochridge mencionou o “design experimental e não testado do Titan”.

Em postagem em sua conta no Instagram antes de viajar, um dos passageiros, o britânico Harding, de 58 anos, aviador, turista espacial e presidente da Action Aviation, expressou seu orgulho em participar dessa missão.

“Devido ao pior inverno em Terra Nova em 40 anos, é provável que esta seja a primeira e única missão tripulada ao ‘Titanic’ em 2023”, escreveu.

Há um ano, ele se tornou um turista espacial através da empresa Blue Origin, fundada por Jeff Bezos, da Amazon.

Mike Reiss, roteirista de televisão americano que visitou os destroços do Titanic no mesmo submersível no ano passado, afirmou à BBC que a experiência foi desorientadora.

Com uma pressão 400 vezes maior do que na superfície, “a bússola parou de funcionar imediatamente e começou a girar, então tivemos que nos mover às cegas no fundo do oceano, sabendo que o Titanic estava em algum lugar”, disse Reiss.

‘Conscientes do perigo’ –

Todos estavam cientes dos perigos da expedição, disse à BBC. “Você assina um documento antes de embarcar, e na primeira página a morte é mencionada três vezes”.

O “Titanic” afundou em sua viagem inaugural entre a cidade inglesa de Southampton e Nova York em 1912 após colidir com um iceberg. Das 2.224 pessoas a bordo, cerca de 1.500 morreram.

Os destroços do transatlântico, partido ao meio, foram descobertos em 1985. Desde então, a área tem sido visitada por caçadores de tesouros e turistas.

Embora desconheça a composição do submersível, Alistair Greig, professor de engenharia marítima no University College London, sugeriu duas possíveis hipóteses com base em imagens do equipamento divulgadas pela imprensa.

Se houve um problema elétrico ou de comunicação, o submersível poderia ter emergido e permanecido flutuando, “aguardando para ser encontrado”.

“Outro cenário é que o casco de pressão tenha sido danificado”, apontou em comunicado. “Nesse caso, o prognóstico não é bom”.

Além disso, “são poucas as embarcações” capazes de atingir a profundidade em que o “Titan” poderia ter chegado, alertou.