O corretor imobiliário Nelson Seixas Gonçalves Júnior confirmou, nesta terça-feira, 11, ao juiz federal Sérgio Moro, que as primeiras negociações pelo terreno onde supostamente seria sediado o Instituto Lula foram feitas pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Seixas depôs como testemunha de defesa do advogado do petista, Roberto Teixeira, acusado de intermediar a compra do imóvel adquirido pela Odebrecht que, segundo os procuradores da República, seria uma forma de pagamento de propinas ao petista oriundas de contratos entre a construtora e a Petrobras.

Em outros depoimentos, como testemunha de acusação, Bumlai havia declarado que a ex-primeira dama Marisa Letícia – morta em fevereiro deste ano – o procurou e pediu sua “ajuda” para comprar um terreno que iria abrigar a sede do Instituto Lula.

O pecuarista contou que Marisa lhe disse que o objetivo era localizar um terreno para instalação do Instituto. Ali seriam acolhidos bens de propriedade do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que promoveria atividades culturais no espaço, “a exemplo do Instituto Fernando Henrique Cardoso”.

Bumlai disse que o primeiro empresário que procurou foi o então presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht – preso na Lava Jato desde junho de 2015. Odebrecht teria ajudado a fazer contato com outros empresários. O amigo de Lula, no entanto, disse que não se interessou pela compra do imóvel por impossibilidade financeira. Por isso, afastou-se da procura.

Em seu depoimento, o corretor responsável pela venda confirmou que as primeiras tratativas para a venda do terreno foram feitas por José Carlos Bumlai.

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Fui eu nessa reunião, estava Roberto Teixeira, dona Edna e quem apareceu como interessado foi o senhor José Carlos Bumlai. Foi numa conversa preliminar, disse que tinha interesse no imóvel. Expliquei que era um imóvel complicadíssimo. Estava na carteira de imóveis do escritório do meu pai.

O corretor ainda relatou que Bumlai disse ter interesse no imóvel porque “estava vindo para o Brasil uma marca chinesa de carros”.

Seixas afirmou que posteriormente, o pecuarista repassou o negócio a Glaucos Costamarques, seu primo, que teria fechado a aquisição junto da DAG Construtora. O Ministério Público Federal ainda sustenta que o parente de Bumlai também teria adquirido e mantido em seu nome, em favor de Lula, com “R$ 504.000,00 provenientes dos crimes de organização criminosa, cartel, fraude à licitação e corrupção praticados pelos executivos do Grupo Odebrecht”, o apartamento 121 do residencial Hill House, em São Bernardo/SP, vizinho do imóvel onde mora o ex-presidente.


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