O governador de São Paulo, João Doria, não tem descansado um único dia no combate ao coronavírus. Afinal, São Paulo é o estado mais afetado pela doença, com mais de 3.000 mortos, 40% do total brasileiro. Como 85% das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) da capital estão lotadas, o governador saiu em campo para arrecadar dinheiro junto aos empresários seus amigos para auxiliar o governo na montagem de mais hospitais de campanha e também na ampliação do número de UTIs, como ele está conseguindo fazer no Hospital das Clínicas (aumentando o número de leitos intensivos de 200 para 300). Doria já conseguiu a doação em torno de R$ 600 milhões desses empresários, chamados por ele de integrantes de uma corrente do bem. Essa corrente é composta por 83 empresas paulistas.

Respiradores

Para equipar as 1.800 UTIs, além das 1.917 enfermarias de São Paulo, Doria comprou 3 mil novos respiradores da China, ao preço de R$ 550 milhões. A compra dos chineses foi intermediada pelo escritório do governo de São Paulo em Xangai. “Os equipamentos foram comprados dentro das regras estabelecidas num momento de emergência”, disse o governador.

Isolamento

No início desta semana, Doria deve anunciar se relaxa ou se mantém o isolamento social, que vem dando certo em São Paulo para evitar a explosão de casos da Covid-19. A quarentena deveria acabar neste domingo, 10, mas é bem provável que o governador mantenha as pessoas em casa por mais algum tempo, já que a doença tende a recrudescer em breve.

“Perdido no tiroteio”

Geraldo Magela

A senadora Kátia Abreu (PP-TO), que está isolada na sua fazenda no interior de Tocantins por causa da Covid-19, diz ter acompanhado, por teleconferência, o depoimento do ministro Nelson Teich (Saúde) prestado recentemente no Senado. Ela afirma que sentiu o ministro “um pouco perdido no meio do tiroteio”. Ou seja, para ela, o ministro não tem projetos concretos para enfrentar a tragédia do coronavírus.

Rápidas

* O deputado Alexandre Frota questiona por que o procurador Augusto Aras não mandou apreender o celular da deputada Carla Zambelli, que trocou mensagens com Moro às vésperas de ele deixar o cargo. Ela falou em nome de Bolsonaro quando prometeu ajudá-lo a ir para o STF?

* O presidente Bolsonaro pressiona a Receita Federal a perdoar a dívida de R$ 144 milhões da Igreja Internacional da Graça de Deus, do pastor R. R. Soares, com a União, em impostos não pagos. Mais um escândalo.

* Bolsonaro diz que o ministro Alexandre de Moraes foi para o STF por ser amigo do então presidente Michel Temer. Não é verdade. Trata-se de uma retaliação porque o ministro impediu a posse do amiguinho de Bolsonaro na PF.

* Além disso, o ministro Alexandre de Moraes conduz a investigação que deve apontar Carlos Bolsonaro como chefe da quadrilha das Fake News. De lambuja, investiga Bolsonaro por promover atos em prol da ditadura. É ódio puro.

Retrato falado

“Só quer o silêncio da imprensa quem não quer a democracia” (Crédito:WALLACEMARTINS)

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado domingo, 3, bolsonaristas reunidos defronte o Palácio do Planalto em mais um ato antidemocrático contra o Congresso e o STF — e que contou com a presença e apoio do presidente Bolsonaro — atacaram repórteres do jornal “O Estado de S. Paulo” a socos e pontapés. Juristas e políticos de todos os partidos repudiaram as agressões. Entre eles, a ministra do STF, Cármen Lúcia. Ela disse que a violência foi “inacreditável e inexplicável”.

O impeachment

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) já tem mais de 30 pedidos de impeachment sobre sua mesa na Presidência da Câmara e a pergunta que todos fazem é: por que ele ainda não analisou nenhum? Talvez todos preencham os dispositivos constitucionais para se dar início ao processo de afastamento do presidente. Mas, se isso é verdadeiro, por que Maia não deflagra o processo? A questão foi recentemente levantada pelo jurista Ives Gandra Martins, que analisou o impeachment de Collor e foi autor do processo de impedimento de Dilma. Segundo ele, a questão jurídica é a mais simples em uma ação dessa natureza, pois Bolsonaro infringiu várias leis, ao interferir na PF ou ao incentivar atos contra o Congresso e STF.

Toma lá dá cá

Dayane Pimentel, Deputada Federal (PSL-BA) (Crédito:Divulgação)

Por que a senhora diz que Bolsonaro tornou-se uma farsa?
Porque aceitou governar através de “toma lá dá cá” com o Centrão. E porque não cabe a ele interferir na PF por razões pessoais. Não há outra palavra a não ser farsa para caracterizá-lo.

Como a senhora interpretou a saída de Moro?
Foi desoladora. Além de perdermos o maior símbolo do combate à corrupção, o Brasil tem que engolir a nomeação de amigos pessoais do presidente para o Ministério da Justiça e para a PF.

Por que a senhora diz que a promiscuidade domina o governo?
Velhos conhecidos por suas fichas sujas estão encontrando guarida no atual governo em nome da governabilidade.
É a reedição da promiscuidade que víamos nos governos do PT.

Engavetador

A questão é: há clima no Congresso? Não parece haver. A oposição está desorientada e nem Lula defende o “Fora Bolsonaro”. O ex-presidente Fernando Henrique acha o processo traumático. Para ele, ou o impeachment vem do Congresso ou vem das ruas. E não há pressão popular. Aí, Maia engaveta tudo.

Moro candidato?

O Instituto Paraná Pesquisas mostra que Moro é o único que pode enfrentar Bolsonaro caso as eleições fossem hoje. O atual presidente tem 27% nas pesquisas, enquanto Moro tem 18,1%. Haddad, do PT, tem 14%. A diferença
é que Bolsonaro é rejeitado por 48,6% e Haddad, por 63,1%, enquanto Moro tem mais espaço para crescer, por ter baixa rejeição.

Partidos

O ex-ministro só pode disputar a eleição, porém, se estiver filiado a algum partido até março de 2022. Ofertas não lhe faltam. Quatro partidos se oferecem para abrigá-lo: o Podemos, do senador Álvaro Dias; o PSL, de Luciano Bivar e Joice Hasselamann; o Patriota, de Adilson Barroso; e o Novo, de João Amoêdo, que também pensa em ser candidato.

Nas mãos do decano

Depois do depoimento de Moro, o destino de Bolsonaro fica nas mãos do ministro Celso de Mello. As provas serão analisadas pelo decano e podem ser transformadas em ação, mas o Congresso precisa autorizar o processo. Bolsonaro seria afastado por 180 dias e Mourão assumiria. Mas isso não vai acontecer. a denúncia é fraca.