A crise sanitária impulsionou a comunidade médica a desenvolver uma série de normas com a intenção de melhorar o atendimento e diminuir o número de mortes pela Covid-19 no Brasil. Ao perceber que diversos hospitais públicos e privados ainda atendem pessoas contaminadas pelo novo coronavírus de forma inadequada, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Associação Brasileira de Medicina de Emergência desenvolveram um documento que, se seguido, pode significar uma mudança de paradigma na promoção da vida. Mais pacientes graves poderão ser salvos, casos leves tenderão a evoluir positivamente e menos profissionais de saúde serão contaminados.

Para escrever a proposta, um grupo de experientes médicos e cirurgiões baseou-se no protocolo lançado, em 1989, pela Associação Americana de Cardiologia para balizar o atendimento médico no setor. Dessa forma nasceu a Corrente da Sobrevida da Covid-19. As diretrizes desse documento aparentam ser simples e previsíveis, mas exatamente por isso se tornaram um cânone. São cinco pontos que norteiam esse protocolo adaptado que visa aperfeiçoar o atendimento dos brasileiros com o vírus: ciência, sensibilização, treinamento, estrutura e retomada. “Percebemos que esse cinco elos cabem no tratamento de pacientes com Covid-19”, diz Sergio Timerman, cardiologista do Incor e da SBC, um dos autores do documento. Ele afirma que se esses pontos forem respeitados, as chances das pessoas sobreviverem aumentam. “Quando temos uma cadeia estruturada conseguimos preservar muito mais vidas”, diz.

O médico explica que os cuidados com o paciente começam muito antes de sua chegada ao hospital. De que forma ele está sendo transportado? A ambulância está devidamente equipada? Sem precauções, o paciente pode ter uma piora no seus estado clínico e a condução de pessoas contaminadas representa risco de contágio para os profissionais envolvidos.

Na recepção do doente no hospital, também há uma série de importantes adequações a serem feitas: mudanças no espaço físico, na estrutura hospitalar e na aquisição de novos equipamentos. “Com a Corrente da Sobrevida temos uma busca contínua de melhoria no sistema de atendimento”, diz Timerman. Na pós-internação, pessoas sequeladas devem continuar sendo assistidas. Os profissionais de saúde envolvidos devem ser monitorados em aspectos físicos e psicológicos. O ideal é que a Corrente da Sobrevida seja implementada de imediato em todo o País. Seria mais uma forma embasada na ciência para debelar o vírus.