A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo pediu a prisão preventiva do policial que jogou um homem de uma ponte durante uma abordagem na zona sul da capital paulista na segunda-feira, 2. A informação foi confirmada ao site IstoÉ pela Secretaria estadual da Segurança Pública.

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O agente prestou depoimento à Corregedoria — órgão que fiscaliza as práticas dos agentes públicos de segurança — nesta quarta-feira, 4, um dia depois de ser afastado de suas funções junto com 12 outros envolvidos no episódio e . Além da Corregedoria, a Polícia Civil também investiga o caso.

A solicitação de prisão foi feita à Justiça Militar porque, no caso de denúncias que envolvem militares ou civis que atentam contra a corporação, é esse órgão que julga e, portanto, decide pela prisão preventiva do oficial, se houver motivos para isso — como a condição de fuga ou de atuação para alterar evidências.

O que aconteceu

Em um vídeo publicado nas redes sociais, é possível ver um policial carregando uma motocicleta até as margens de uma ponte que fica sobre o Córrego Cordeiro, na zona sul de São Paulo. Depois, um segundo oficial arremessa o homem, que está de camiseta azul, para baixo.

Os agentes tentaram abordar uma moto em Diadema, mas a dupla que estava no veículo não teria obedecido à ordem de parada. Então houve uma perseguição por cerca de dois quilômetros, que acabou no local onde o homem, cuja identidade não foi informada pela Polícia, acabou arremessado.

A ponte tem três metros de altura. Em entrevista concedida à TV Globo, o pai do rapaz disse que ele se chama Marcelo, tem 25 anos e trabalha como entregador. Segundo ele, o filho não tem passagem policial e faltam explicações sobre a conduta do agente.

Segundo informações preliminares, o registro feito pelos policiais indica que nada de irregular foi encontrado com a dupla. Uma das hipóteses é que o agente teria arremessado o homem como uma forma de represália pela perseguição.

Ele sobreviveu a queda e foi ajudado por pessoas em situação de rua que estavam no entorno. Precisou ser levado a um hospital da região e já recebeu alta.

A violência pública paulista

A polícia de São Paulo matou 496 pessoas entre janeiro e setembro de 2024, o maior número para o período desde 2020, quando houve 575 óbitos desse tipo. Desde 2023, a alta da letalidade pelas forças de segurança foi impulsionada por operações policiais na Baixada Santista e, em novembro, chamaram a atenção os casos de Ryan Andrade, de 4 anos, e do estudante de Medicina Marco Aurélio Acosta, de 22, baleado na Vila Mariana, zona sul da capital.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) lamentou o arremesso da ponte, mas elogiou os índices de segurança pública do estado e afirmou que Guilherme Derrite, secretário responsável pela área, não será demitido. Derrite já foi investigado por 16 homicídios ocorridos durante operações policiais das quais integrou

Em episódios anteriores, quando foi questionado sobre a violência das operações na Baixada Santista, Tarcísio ironizou as denúncias de moradores de Santos e da Defensoria Pública do estado: “O pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não estou nem aí”.