A matéria enviada anteriormente trazia uma imprecisão no 2º parágrafo, no qual o professor dava explicações sobre imunidade em crimes comuns e de responsabilidade. Segue novo texto corrigido.

Apesar do impacto político de se ter um presidente da República citado em delação premiada, do ponto de vista jurídico, é praticamente zero a chance de Michel Temer ser processado, enquanto estiver no exercício da Presidência, por conta das citações a ele na delação do ex-presidente da Petrobras Transporte (Transpetro) Sérgio Machado.

O professor de Direito Constitucional da Fundação Getulio Vargas (FGV) Roberto Dias explica que a figura do presidente conta com uma imunidade acima da imunidade parlamentar. “O artigo 86 da Constituição determina que o presidente não será responsabilizado por atos estranhos a suas funções”, adverte.

Segundo Dias, isso se aplica tanto para crime comum – caso de uma apuração de corrupção, no caminho de pedido de inquérito e, posteriormente, denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – como para de responsabilidade – que poderia ensejar um pedido de impeachment.

“Considerando a adoção do mesmo padrão seguido até o momento para a presidente afastada, Dilma Rousseff, a citação de Temer por Machado não configuraria crime comum ou crime de responsabilidade para justificar um pedido de impeachment, tendo em vista que o fato é anterior ao exercício do mandato”, resume, ao lembrar que o processo de impedimento de Dilma precisou de um aditamento, incluindo as pedaladas de 2015 – no segundo mandato dela – para a abertura ser autorizada na Câmara.

“Pode haver repercussão política, com manifestação de rua, outros desdobramentos, até a renúncia, mas, juridicamente, há uma série de obstáculos para se processar um presidente da República. O procedimento tem de ser complexo para se proteger o exercício da função de presidente, a mais alta da República.”

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A doutora em Direito Político Silvana Batini, mestre em Teoria do Estado e Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro (PUC-RJ), também avalia serem nulas as chances de Temer ser processado com as informações que se tem até o momento. “Estas citações, do ponto de vista jurídico, não têm implicações para ele”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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