A matéria publicada anteriormente continha uma imprecisão no título e no texto. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, falava de pontos que ensejam liquidações extrajudiciais em instituições financeiras no geral, e não especificamente em relação ao Banco Master, quando comentou que emitir CDBs a 140% ou ter fotos de acionistas ou de dirigentes frequentando festas não configuram nenhum tipo de infração para a instituição. Segue abaixo o texto atualizado.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira, 25, a senadores que alguns pontos que chamam a atenção em casos de liquidação extrajudicial não são necessariamente problemas a serem questionados pelo regulador. “Você emitir CDBs a 140% não configura nenhum tipo de infração ou problema em nenhum sentido. Assim como também foi colocado aqui, eventualmente, ter fotos de acionistas ou de dirigentes frequentando festas não são, vamos dizer assim, um elemento para uma liquidação”, considerou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O que chama atenção em um processo como o do Master, conforme Galípolo, é encontrar sentido em uma instituição que está sofrendo por um problema de restrições de liquidez e vender ativos já existentes. “Ora, o problema original não era justamente a falta de liquidez? Então é raro você ver uma instituição que está sofrendo algum tipo de restrição de liquidez constituir uma carteira”, constatou.
O presidente da instituição relatou que o Banco Central identificou que parte dessa carteira de crédito que estava sendo transacionada chegou de maneiras insuficientes. E, ao fazer os testes, a partir de uma amostragem, o BC também não encontrou evidências que poderiam corroborar que a carteira existia e que aquelas operações, efetivamente, existiam. “A partir daí, a gente sai da esfera administrativa e de regulação e vai para uma outra esfera. Poxa, existiu, eventualmente, uma fraude, por exemplo? De quem é a responsabilidade dessa fraude? Existiu um vendedor original que vendeu para um segundo, que vendeu para um terceiro? Esse processo da investigação extrapola (o BC) porque entra numa lógica mais da esfera criminal e extrapola o que é a regulação, o quintal do Banco Central”, explicou. Por isso, de acordo com ele, a autoridade monetária, desde o início, informa e comunica através da notícia de fato o Ministério Público.
Recursos
Questionado sobre se o BC tem condições de continuar fiscalizando de forma confortável o sistema financeiro, Galípolo, que já tinha solicitado a senadores que dessem andamento à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65, que dá autonomia administrativa, financeira e orçamentária à autoridade monetária, voltou ao assunto. “Esse é um processo que foi identificado dentro da fiscalização, a partir desses testes e informações. Como foi bem comentado, ter menos algoritmos, ter menos recursos não vai reduzir a chance disso acontecer. É o contrário. Por isso que é tão importante a questão que a gente comentou aqui da PEC, a ajuda que eu pedi aqui ao Senado de que a gente possa avançar na PEC”, defendeu.
Minutos depois, o presidente do BC voltou ao tema: “Todo esse processo é uma discussão muito importante. Hoje, infelizmente, o Banco Central padece da ausência de recursos. Por isso o pedido de ajuda relativo à PEC.”