05/09/2019 - 15:31
A nota enviada anteriormente contém uma incorreção. A parceria na área da saúde inclui a transferência de recursos para a gestão dos hospitais Parelheiros e Ermelino Matarazzo, não a transferência da gestão das unidades. Segue o texto corrigido:
A quase um ano das eleição municipal – na qual o prefeito Bruno Covas (PSDB) pretende concorrer à reeleição – o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta-feira, 4, um pacote de “parcerias” com a Prefeitura da capital nas áreas mais problemáticas da gestão municipal. O auxílio de Doria a Covas foi antecipado pela “Coluna do Estadão”, do jornal O Estado de S. Paulo.
São repasses de R$ 220 milhões para investimentos em obras viárias, e de R$ 330 milhões em ajuda de custeio para as áreas da saúde, assistência social e trabalho.
A medida inclui a transferência de recursos para a gestão de dois hospitais – Parelheiros e Ermelino Matarazzo -, o repasse de recursos para custear atendimentos à população de rua no Parque Dom Pedro, no centro da cidade, e a oferta de 12 mil vagas em cursos de capacitação para desempregados. O Estado ainda irá custear um censo para a população de rua, medida que a Prefeitura vem anunciando desde o começo do ano.
Com os recursos extras, Covas ganha alívio de R$ 240 milhões em caixa para a gestão dos demais hospitais e pode remanejar recursos para outras áreas tidas como críticas, como o custeio das ambulâncias do SAMU.
A parceria também garante que o Estado faça a duplicação da Estrada do M’Boi Mirim. A obra, de grande impacto na periferia da cidade, é uma que não tiveram andamento por falta de recursos federais. A construção de duas faixas novas na via, incluindo corredor de ônibus, havia sido licitada na gestão Fernando Haddad (PT) e tinha previsão de utilização de R$ 200 milhões em recursos do PAC Mobilidade. A verba federal, entretanto, nunca saiu e a obra foi paralisada.
As áreas da saúde, a questão dos moradores de rua, a falta de ações para combater o desemprego e o excesso de obras no centro da cidade – sem equivalentes nas periferias – são justamente os pontos que têm potencial de dificultar a campanha à reeleição de Covas no ano que vem, segundo seus aliados na Câmara Municipal.
A parceira mira ainda outros pontos em que Covas vinha sendo mal avaliado. O Hospital da Clínicas deve ganhar, a partir de janeiro, uma unidade do serviço Atendimento Médico Ambulatorial (AMA), o que poderá oferecer à população que procura o hospital um local para ser atendido – o pronto-socorro do HC recebe apenas ambulâncias, e isso gera queixas de pacientes que vão até lá e não são atendidos. Doria citou ainda parcerias na área da educação, com a integração de matriculas e a migração gradual de alunos do ensino fundamental da rede estadual para a rede municipal.
‘Gestão’
O governador negou que o pacote de ajuda à Prefeitura tivesse a intenção de ajudar a Covas a conquistar um novo mandato à frente da Prefeitura. Doria disse ainda que apoiará a campanha à reeleição do prefeito, mas afirmou que não era ainda o momento de discutir o tema. “Gestão é gestão e política é política”, disse.
Segundo Doria, a ajuda se justificava pelo tamanho da cidade de São Paulo, “mais populosa do Estado e mais populosa do País”. O governador disse ainda que não vê “nenhuma debilidade” na gestão do prefeito – que assumiu o cargo em abril do ano passado, após Doria renunciar para disputar a eleição para o governo do Estado.
Questionado se os repasses federais à cidade de São Paulo haviam sofrido algum tipo de variação neste ano, em relação aos anos anteriores, Covas afirmou que, desde a chegada de Jair Bolsonaro à Presidência, os recursos à capital paulista caíram “80% ou 90%”, sem detalhar valores. Mas, segundo ele, o quadro não é exclusivo da cidade de São Paulo, e que a maioria dos recursos era do programa Minha Casa, Minha Vida.