Corpo de Juliana Marins chega ao RJ em avião da FAB

Juliana Marins
Juliana Marins Foto: Reprodução

O corpo de Juliana Marins chegou à BAGL (Base Aérea do Galeão), no Rio de Janeiro, por meio de um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), nesta terça-feira, 1°. A companhia aérea Emirates Airlines transportou a urna funerária até o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, que depois seguiu para o estado natal da brasileira. A publicitária morreu após despencar de um penhasco enquanto fazia uma trilha no vulcão Rinjani, na ilha de Lombo, Indonésia, no dia 21 de junho.

A AGCU (Advocacia-Geral da União) informou que será realizada uma nova autópsia em, no máximo, seis horas depois que o corpo aterrissar em território nacional, para garantir a prevenção das evidências.

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O primeiro exame foi realizado em Bali, na Indonésia, e teve o resultado divulgado no dia 27 de junho. A família da brasileira, no entanto, solicitou uma nova autópsia.

Juliana Marins será sepultada em Niterói (RJ), sua cidade natal, de acordo com o jornal “O Globo”.

Apelo

A família da publicitária fez um apelo à companhia aérea no domingo, 29. “Estamos tentando confirmar o voo que trará Juliana para o Rio. Porém, a Emirates não quer confirmar o voo! É descaso do início ao fim. Precisamos da confirmação do voo da Juliana urgente. Precisamos que a Emirates se mexa e traga Juliana pra casa!”, disse a irmã, Mariana Marins, na ocasião.

Ainda de acordo com ela, o translado do corpo estava confirmado para as 19h45 (horário de Bali, 8h45 no Brasil) de domingo, mas houve mudanças repentinas. “Misteriosamente, a parte do porão de carga ficou ‘lotada’”, afirmou.

“Parece proposital, já que o embalsamamento tem apenas alguns dias de validade. O medo é que em nova autopsia descubramos mais coisas? Está muito difícil”, desabafou.

Primeira autópsia

Um trauma contundente, resultando em danos a órgãos internos e hemorragia, foi a causa da morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos — que escorregou e despencou de um penhasco enquanto fazia uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia –, segundo resultado da autópsia.

O especialista forense Ida Bagus Alit estimou que a morte de Juliana ocorreu em torno de 20 minutos após ela sofrer os ferimentos. Ele ressaltou, no entanto, que é difícil determinar a hora exata do falecimento da brasileira por vários fatores, incluindo a transferência do corpo da Ilha de Lombok para Bali dentro de um freezer.

Alit ainda afirmou que não havia sinais de hipotermia, como lesões nas pontas dos dedos.

Segundo relatou à imprensa, foram encontrados “arranhões e escoriações, bem como fraturas no tórax, ombro, coluna e coxa. Essas fraturas ósseas causaram danos a órgãos internos e sangramento”.

“A vítima sofreu ferimentos devido à violência e fraturas em diversas partes do corpo. A principal causa de morte foram ferimentos na caixa torácica e nas costas”, completou.

O corpo da brasileira chegou ao Hospital Bali Mandara, em Bali, por volta das 11h35 (horário de Brasília) da quinta-feira, 26, pois na província onde fica o vulcão não há peritos para realizar a autópsia.

Segundo Alit, não havia evidências que sugerissem que a morte tenha ocorrido muito tempo após os ferimentos. “Por exemplo, havia um ferimento na cabeça, mas nenhum sinal de hérnia cerebral. A hérnia cerebral geralmente ocorre de várias horas a vários dias após o trauma. Da mesma forma, no tórax e no abdômen, houve sangramento significativo, mas nenhum órgão apresentou sinais de retração que indicassem sangramento lento. Isso sugere que a morte ocorreu logo após os ferimentos”, explicou.

No entanto a família de Juliana acionou a Defensoria Pública da União do Rio de Janeiro e solicitou um novo exame, porque enxergam que houve “ausência de esclarecimento sobre a causa e o momento exato em que a vítima morreu”.

Relembre o caso

A publicitária brasileira Juliana Marins caiu no sábado, 21, enquanto fazia uma trilha ao cume do vulcão Rinjani, o segundo maior da Indonésia. De acordo com relatos, ela teria dito ao guia que estava muito cansada para continuar a caminhada. Ele, então, falou para ela descansar e seguiu com o grupo de turistas.

Mariana Marins, irmã de Juliana, disse ao “Fantástico” que a brasileira teria sido abandonada pelo guia por mais de uma hora, entrou em desespero, tentou alcançar o grupo e caiu.

Em entrevista ao “O Globo”, o guia Ali Musthofa confirmou que tinha aconselhado a brasileira a descansar, mas afirmou que o combinado era apenas esperá-la um pouco mais à frente.

“Na verdade, eu não a deixei, mas esperei três minutos na frente dela. Depois de uns 15 ou 30 minutos, Juliana não apareceu. Procurei por ela no último local de descanso, mas não a encontrei. Eu disse que a esperaria à frente. Eu disse para ela descansar. Percebi [que ela havia caído] quando vi a luz de uma lanterna em um barranco a uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz de Juliana pedindo socorro. Eu disse que iria ajudá-la”, disse. “Tentei desesperadamente dizer a Juliana para esperar por ajuda”, completou.

Apesar da queda, as autoridades locais afirmaram que Juliana ainda estava viva, no sábado. Isso está de acordo com imagens de drones feitas no dia que circulam nas redes sociais.

Três dias depois, na terça-feira, 24, equipes de resgate disseram que conseguiram se aproximar de Juliana, que estava a cerca de 600 metros abaixo da trilha, e a declararam morta.

A família de Juliana apontou lentidão das autoridades locais durante o processo de resgate da brasileira. O chefe do Parque Nacional do Monte Rinjani (TNGR), Yarman Wasur, disse que o processo de evacuação foi realizado de acordo com os procedimentos padrões ​​e negou as críticas de que o processo tenha sido lento.

“Formamos uma equipe imediatamente. O processo de formar uma equipe, preparar equipamentos e outros itens leva tempo. Esta equipe precisa ser profissional, pois envolve a segurança também da equipe de evacuação”, explicou.

O chefe do parque ainda destacou que o monte Rinjani é um local extremo, que possui uma topografia difícil e o clima muda constantemente. Tudo isso implica no procedimento de resgate.

Mesmo assim, a família de Juliana afirmou que ela sofreu uma “grande negligência” e pretende “lutar por justiça” pela jovem. Na quinta-feira, 26, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou que conversou por telefone com o pai de Juliana, Manoel Marins, e garantiu o auxílio do Itamaraty, inclusive no translado do corpo.