O coronel aposentado da PM João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer (MDB), vai ser ouvido na manhã desta sexta-feira, 30, pela Polícia Federal em São Paulo. Coronel Lima, como é conhecido, foi preso na quinta-feira, 29, na Operação Skala, sob suspeita de arrecadar propinas em esquema que vigora no Porto de Santos (SP) há mais de 20 anos.

O amigo de Temer foi levado no início da noite para o Instituto Médico Legal, para exames, e seguiu depois para a carceragem da Polícia Federal. Lima saiu de casa, logo cedo, escoltado pela PF em uma ambulância porque passou mal durante as buscas dos agentes. Ele foi internado no Hospital Albert Einstein, onde passou o dia todo. No início da noite, o coronel teve alta e foi levado ao IML, depois para a sede da PF em São Paulo.

A Polícia Federal estava tentando ouvir o coronel Lima desde 1º de junho do ano passado, após a deflagração da Operação Patmos, em maio. A defesa do amigo de Temer informou seguidamente que o coronel estava com problemas de saúde e não poderia prestar esclarecimentos.

Ao autorizar a Operação Skala e mandar prender o coronel Lima, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso registrou que, para a Polícia Federal, a empresa Argeplan, de João Batista Lima – coronel aposentado amigo do presidente Michel Temer -, “tem se capitalizado” com recursos de empresas interessadas na edição do Decreto dos Portos e distribuído tais recursos para os demais investigados.

Sobre a capitalização da empresa do Coronel Lima, Barroso destaca que um relatório demonstra “crescimento exponencial” da empresa Argeplan nos últimos 20 anos, inclusive no setor nuclear, em parceria com a AF Consult do Brasil, o que se vê de um contrato no valor de R$ 160 milhões de reais com a Eletronuclear para as obras da Usina Angra 3, cuja obtenção, segundo José Antunes Sobrinho, só teria ocorrido por ser a Argeplan “ligada a Temer e precisou subcontratar a Envegix porque não tinha capacidade para o serviço”.

Foram presos também o empresário e advogado José Yunes, o presidente da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, o ex-ministro de Agricultura Wagner Rossi, Milton Ortolan, auxiliar de Wagner Rossi, e uma mulher ligada ao Grupo Libra.

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O presidente Michel Temer (MBD) é um dos alvos da investigação e está sob suspeita de beneficiar a empresa Rodrimar na edição do decreto voltado ao setor portuário.

Com a palavra, a defesa do Coronel Lima

Os advogados Cristiano Benzota e Maurício Silva Leite refutaram enfaticamente as suspeitas de envolvimento do coronel João Baptista Lima Filho no suposto esquema de favorecimento a empresas do setor portuário em troca de propinas. “O sr. João Baptista Lima Filho refuta com veemência as acusações e afirma não ter qualquer participação nos fatos apurados no inquérito.” A defesa afirma que “o estado de saúde do sr. Lima é muito delicado e que o seu quadro médico tem sido periodicamente informado às autoridades”.


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