SÃO PAULO, 20 MAR (ANSA) – Por Renan Tanandone – O novo coronavírus (Sars-CoV-2) forçou a paralisação de todas as divisões do futebol italiano e, apesar de ser uma medida de prevenção contra a pandemia, preocupa os clubes do país, já que pode trazer causar reflexos negativos em suas finanças.   

Segundo um levantamento do jornal “La Repubblica”, caso a temporada não seja devidamente concluída, os times da Série A podem perder até 770 milhões de euros, entre direitos televisivos e receitas de merchandising.   

Já de acordo com o site “Calcio e Finanza”, os 20 clubes italianos poderiam perder aproximadamente 28 milhões de euros em bilheteria. A Juventus seria a mais afetada, com 12 milhões em perdas. Já entre as emissoras, a “Sky” investiu 780 milhões de euros em direitos de televisão, enquanto o Perform Group, que controla a “DAZN”, se comprometeu com 193,3 milhões.   

A principal divisão do Campeonato Italiano foi paralisada faltando entre 12 e 13 jogos para o final, dependendo do time. O último duelo disputado foi entre Sassuolo e Brescia, no dia 9 de março, com portões fechados para o público.   

A Lega Serie A pretende reiniciar a temporada no dia 2 de maio e concluir o torneio em 30 de junho. Para compensar os prejuízos, os clubes cogitam recorrer ao governo para obter assistência. Em entrevista à ANSA, o economista Cesar Grafietti explicou que, mesmo que Roma auxilie as agremiações, como postergando o pagamento de impostos, o impacto financeiro “será grande”.   

“O fato é que, sem jogos, os clubes ficam sem receitas, desde as mais óbvias, como bilheteria, até aquelas com transmissão e publicidade, pois todos os acordos preveem que, para que haja pagamento, é necessário que haja competição. De outro lado, os custos continuam correndo, como salários. Assim, o impacto é enorme porque gera um desequilíbrio financeiro”, explicou Grafietti.   

O economista ainda destacou ser “fundamental” que a Lega Serie A e a Federação Italiana de Futebol (Figc) tenham uma “estratégia conjunta” para retomar o campeonato e “minimizar os impactos”.   

Além disso, ele destacou que as autoridades devem “estruturar uma rede de proteção” para os times menores. “Os grandes clubes possuem estrutura para se recuperar. Já os times pequenos dependem demais das receitas de TV. É fundamental que haja uma estratégia conjunta da liga e da federação italiana para garantir a retomada do campeonato, de forma a minimizar os impactos. Para 2020, o fundamental é encerrar o campeonato, mas ter a certeza de que a solução virá no médio prazo”, disse Grafietti.   

Javier Tebas, presidente de LaLiga, que controla o Campeonato Espanhol, declarou que o prejuízo econômico das 30 ligas paralisadas pelo coronavírus pode chegar a 7,5 bilhões de euros.   

O professor Luiz Ramos, mestre em gestão do esporte, disse, em entrevista à ANSA, que os torneios devem passar por um “período de recessão”.   

“O que deverá acontecer é um período de recessão, em que possivelmente haverá queda de público nos estádios, considerando que a população também teve prejuízos no comércio e na indústria. Essa recessão deverá trazer para baixo muitos investimentos em salários de jogadores e treinadores. Isto é, será uma adequação que o livre mercado do futebol irá impor de acordo com as circunstâncias do momento”, disse. (ANSA)