Logo após o falecimento da rainha Elizabeth II, em 8 de setembro de 2022, o seu filho, até aquele momento príncipe Charles, foi naturalmente elevado à condição de rei do Reino Unido. Assim como o funeral de sua mãe, que durou onze dias, tudo ocorreu como manda a tradição inglesa — o hino nacional foi alterado e notas de libra ganharam o seu rosto.
O que não estava previsto no protocolo, no entanto, foi o fato de o rei externar publicamente que a nação passa por momentos difíceis, tanto na política interna e externa quanto na economia. Ao assumir o trono, uma das primeiras frases de Charles foi: “Vamos ‘enxugar’ a cerimônia de coroação”. “Enxugar” quer dizer que o evento, confirmado para 6 de maio de 2023, a princípio não teria a pompa à qual os britânicos estão acostumados.
Em outras palavras, nada de festejos apoteóticos, nada de cerimônia repleta de chefes de Estado. Nem mesmo as joias da coroa (exceto a própria coroa) seriam oferecidas.
As restrições abalaram até paredes de todos os palácios da realeza britânica, e fizeram o novo rei mudar de opinião. A celebração vai acontecer como manda o figurino, com tudo que os súditos mais próximos têm direito. A dúvida que não sai da mente é: o que teria feito Charles III voltar atrás? Recuperação econômica, não. Muito menos a política com as sucessivas trocas de primeiro-ministro. A resposta: foram exatamente as homenagens póstumas à sua mãe. Ele entendeu que os dias dedicados aos funerais proporcionaram esplendor à Inglaterra, e que tal holofote provocou ganhos simbólicos muito relevantes.