12/01/2020 - 8:15
Corinthians, Palmeiras e Santos iniciam 2020 com novas ideias de jogo. A troca no comando das equipes traz estilos diferentes em relação aos antecessores. Os treinadores que chegaram têm outros conceitos e pensam em armar seus respectivos times de maneira distinta da que foi vista em 2019. Uma revolução tática no futebol paulista. A exceção é o São Paulo, que manteve Fernando Diniz.
A principal mudança acontece no Corinthians. Desde 2008, quando Mano Menezes assumiu o time na Série B do Campeonato Brasileiro, há um jeito bem definido de a equipe atuar: mais focada em não levar gols do que em fazer. Era o “time reativo”, que se fechava em busca de contra-ataques. Além de Mano, Tite e Fábio Carille também marcaram esse estilo de jogo.
Após mais de dez anos, porém, a diretoria do Corinthians decidiu apostar em novas ideias. Contratou Tiago Nunes, que teve sucesso nas duas últimas temporadas no Athletico-PR. Em sua primeira entrevista, o novo treinador contou que pretende fazer seu time propor o jogo. No entanto, deixou claro que pode mudar o estilo da equipe ao longo de 2020.
“Durante minha trajetória, experimentei diversos modelos de jogo. Eu me formei como treinador tendo a oportunidade de vivenciar quase todas as ideias. Mas o que mais me agrada é ter mais a bola, ser propositivo, que privilegia a condição técnica, até mais vistoso de ver”, disse Nunes. “Mas sou ciente de que esse modelo só se desenvolve com o passar dos treinamentos, aí você vai vendo se encaixa com os jogadores, os adversários. A minha ideia é fazer a equipe propositiva, mas não impede de, no decorrer da temporada, encontrar uma outra ideia que vai nos levar à vitória de uma maneira mais fácil.”
No Palmeiras, a mudança deve ser menos impactante. Saiu Mano Menezes no fim de 2019 e chegou Vanderlei Luxemburgo para comandar a equipe no início deste ano. Agora em sua quinta passagem pelo clube, o novo técnico mostrou ao longo da carreira que gosta de times mais ofensivos. Ao ser questionado sobre o assunto, o treinador minimizou o movimento de mudança de estilo no futebol brasileiro para esta temporada.
“O momento é de uma expectativa e cobrança em futebol ofensivo. Mas quando futebol brasileiro não foi ofensivo? Pega na história. Tem DNA ofensivo. Estamos muito preocupados com esquema táticos e números, e esquecemos que o DNA do Brasil é empírico, de mudar de posição, de fazer diferente. Se perdermos isso, viramos robôs (…) As pessoas estão ávidas em saber como o time vai jogar, esquema tático, se é proativo, reativo. Mas não adianta pensar em equipe. Estou em um clube com DNA de Academia, de ter time técnico, mas que pode ser também extremamente defensivo, com a marcação começando no ataque quando se perde a bola”, afirmou.
No Santos, Jorge Sampaoli deixou o comando da equipe no fim de 2019 e Jesualdo Ferreira iniciou os trabalhos na última quarta-feira. Os dois estrangeiros têm ideias diferentes: enquanto o argentino armava o time de forma bastante ofensiva, o português preza mais pelo equilíbrio. O objetivo de Jesualdo é dar atenção maior à defesa.
“O Santos é uma equipe que jogava ofensivamente, uma atitude perfeitamente clara. E que cuidava pouco de sua defesa. Foi uma equipe que me agradou. Gosto dessas equipes, mas também é verdade que tem de existir um equilíbrio. A minha expectativa é melhorar o que era muito bom e o que também foi menos bom. São jogadores que me agradam e que me motivam para trabalhar de acordo com o meu modelo”, disse.
Dos três clubes, o Corinthians é quem saiu na frente. Após a demissão de Carille, Tiago Nunes foi contratado em novembro e iniciou o planejamento, mas só assumiu o time neste ano. Luxemburgo acertou na metade de dezembro, enquanto Jesualdo chegou na última quarta-feira.