“Eu vim conversar”, diz Batman, escondido na escuridão, para o seu arquirrival. “Estive pensando muito ultimamente sobre você eu. Sobre o que vai acontecer conosco no fim. Vamos acabar matando um ao outro, não? Talvez você me mate. Talvez eu o mate. Talvez mais cedo. Talvez mais tarde.”

O ano de 2015 comemorou o 75º aniversário do Coringa, um dos mais maiores (se não o maior) vilões dos quadrinhos. Mas, definitivamente, 2016 é ainda melhor para aquele que já recebeu o apelido de Palhaço do Crime, mesmo que sua personalidade tenha se aprofundado tanto nas últimas décadas que colocá-lo apenas como um palhaço é muito pouco.

Nesta segunda-feira, 25, uma das mais icônicas histórias sobre o personagem ganhará vida nas telonas de cinemas brasileiros, em sessões especiais da animação Batman: A Piada Mortal, uma adaptação bastante fiel à HQ escrita por Alan Moore e desenhada por Brian Bolland. O filme estará em cartaz apenas nesta data em 30 cidades do País, com sessões às 20h, às 21h e às 22h (conferir horários e disponibilidades de ingressos no site da rede Cinemark).

Uma nova versão encadernada da graphic novel está sendo lançada pela Panini, com as cores refeitas. O álbum também chegou às lojas em um box numerado, também de capa dura, acompanhado pela HQ Coringa, de Brian Azzarello.

As vozes mais icônicas dos dois personagens principais, Batman e Coringa, foram chamadas para essa versão de A Piada Mortal. Kevin Conroy traz novamente sua versão soturna ao Morcego, enquanto Mark Hamill, o Luke Skywalker da franquia Star Wars, é o insanamente perigoso Coringa.

Por se tratar de um filme de pouco mais de uma hora de duração, os diretores Bruce Timm e Sam Liu viram-se obrigados a esticar a trama e acrescentaram, no tempero, a história de Bárbara Gordon, filha do comissário de polícia Jim Gordon durante o dia e Batgirl à noite. Ela, seu trauma e seu drama, que dão início à paranoia criada por Coringa. Ele, nesta HQ, quer provar seu ponto: somente um dia ruim é capaz de transformar bons homens em loucos. Assim, pelo menos, é a visão de Moore a respeito da origem sempre difusa do personagem. Um comediante frustrado, em um dia ruim, percebe a vida ao seu redor desmoronada. Por fim, perde a razão.

Insanidade e imprevisibilidade do personagem colocadas no texto de Moore, autor que revolucionou os quadrinhos com trabalhos marcantes tais quais Watchmen, Monstro do Pântano e V de Vingança, foram claramente inspiradoras para a nova versão do personagem nos cinemas, dessa vez na pele de Jared Leto. O ator ganhador do Oscar por Clube de Compras Dallas é, na primeira foto de divulgação do filme Esquadrão Suicida uma versão tatuada e mais malhada da sua contraparte animada – basta comparar a imagem acima com a foto de Leto abaixo, à direita. A presença de Leto/ Coringa no filme cuja estreia no Brasil está marcada para o dia 4 de agosto, cresceu graças à fascinação demonstrada pelo público logo nos primeiros vídeos e imagens do longa de David Ayer, segundo informaram veículos especializados nos bastidores de Hollywood.

Mais um ponto para o palhaço. A Piada Mortal, em sua versão animada ou estática, uma ode ao personagem. Ou um grito de ódio a ele. Mais importante é o fato de que ela coloca, Coringa e Batman, os arquirrivais desde a criação de ambos, como iguais. Sob o olhar de Moore, a insanidade do vilão está em nível de igualdade àquela apresentada pelo herói da história. Dois loucos destinados a se encontrar, de tempos em tempos, até que um deles acabe com a vida do outro. O final da HQ é polêmico e o filme… Bom, revelar isso seria insano até mesmo para o Coringa – ou para o Batman.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.