A Coreia do Sul não desenvolverá armas nucleares próprias, apesar da ameaça que representa sua vizinha Coreia do Norte, dotada da bomba atômica, declarou nesta quarta-feira (1º) o presidente sul-coreano, Moon Jae-In.
“Os esforços da Coreia do Norte para se tornar um Estado nuclear não podem ser aceitos ou tolerados”, declarou o presidente ao Parlamento.
“Não vamos desenvolver ou possuir armas nucleares”, garantiu Moon Jae-In.
Nos meses recentes, Pyongyang realizou seu sexto teste nuclear – o mais poderoso até o momento – e lançou mísseis supostamente capazes de atingir o território continental dos Estados Unidos, despertando preocupação em Seul sobre sua aliança com Washington.
A imprensa sul-coreana e setores da oposição têm pedido a volta de armas táticas nucleares americanas, retiradas da Península nos anos 90.
– Equilíbrio do terror –
Alguns têm sugerido que caso Washington não aceite a proposta, Seul deveria desenvolver suas próprias armas nucleares para garantir um equilíbrio dissuasivo de forças.
Moon declarou em seu discurso que a Coreia do Sul se “baseará na declaração de eliminação de armas nucleares da península coreana firmada por ambas as Coreias”, em 1992.
Os dois Estados rivais concordaram em abster-se de desenvolver um arsenal nuclear. Dois anos depois, Pyongyang assinou um acordo com Washington sobre a desnuclearização do país em troca de ajuda.
Mas este acordo terminou em 2002, quando Pyongyang abandonou a não proliferação e retomou seu programa de armas nucleares.
O Norte realizou seu primeiro teste atômico em 2006. E fez progressos consideráveis desde a chegada de seu atual líder, Kim Jong-Un, que supervisionou quatro testes nucleares e vários lançamentos de mísseis balísticos.
A Coreia do Norte chama seu arsenal nuclear “de espada querida”, que provavelmente a protegerá de uma invasão por seu “inimigo imperialista”, os Estados Unidos. Isso não a impediu de ameaçar disparar mísseis perto da ilha de Guam, posto estratégico de Washington no Pacífico.
– ‘Tragédias da História’ –
Nos últimos meses, Kim Jong-Un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trocaram insultos pessoais, revivendo os temores de um conflito na península, onde a guerra de 1950-53 deixou milhões de mortos.
O chefe da Casa Branca ameaçou desencadear “fogo e cólera” sobre Pyongyang, evocando a “calma antes da tempestade”.
Mas o presidente sul-coreano criticou que não poderia haver operação militar americana sem o consentimento de Seul. Os sul-coreanos devem “determinar por si mesmos o futuro de (sua) nação”.
“Não deve haver ação militar na península sem nosso prévio acordo”, disse ele.
“Não vamos reproduzir as tragédias da história, como a colonização ou a divisão, em que o destino da nossa nação foi determinado sem consideração pela nossa vontade”.
O Japão colonizou a península entre 1910 e 1945. Após a rendição de Tóquio no final da Segunda Guerra Mundial, a Coreia foi dividida entre duas zonas de ocupação por Moscou e Washington.
Alguns conselheiros de Trump admitem que as opções militares de Washington são limitadas porque um conflito na península causaria um grande número de vítimas.
Seul tem 10 milhões de habitantes e está localizado apenas a cerca de cinquenta quilômetros da fronteira, ao alcance da artilharia norte-coreana.
O gabinete americano Nautilus estimou que 65 mil sul-coreanos seriam mortos apenas na capital no primeiro dia de um ataque norte-coreano convencional.
Trump realizará em breve um tour pela Ásia, passando pelo Japão, Coreia do Sul, China, Vietnã e Filipinas.