A Coreia do Sul acaba de anunciar um visto exclusivo para entusiastas da sua cultura. Com o Hallyu, ou K-Cultura Training Visa, não-coreanos poderão permanecer no país por até dois anos, frequentando diversas instituições de ensino. O governo já havia decretado o biênio 2023-2024 como o “Ano de Visitar a Coreia”. Não por acaso é o período em que o principal grupo do gênero musical k-pop, o BTS, encontra-se em estado de espera: uma parte segue carreira solo e a outra, o serviço militar que é obrigatório no país asiático e pode durar exatos dois anos.

De acordo com a Korea Foundation, eram 178 milhões de fãs da cultura coreana no mundo em 2022 — só a indústria do k-pop movimenta anualmente cerca de US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões), sendo fundamental para a economia e o crescimento do PIB local.

“Espera-se que o visto desempenhe papel importante na divulgação da cultura coreana em outros países e no crescimento da competitividade dos conteúdos no cenário internacional à medida que os estudantes de intercâmbio se espalhem pelo mundo”, diz Cheul Hong Kim, diretor do Centro Cultural Coreano no Brasil (KCC Brasil).

“Espera-se que o fluxo de intercâmbio aumente, o que terá um efeito positivo na disseminação do k-pop no Brasil.”
Cheul Hong Kim, diretor do KCC Brasil

Essência da coreia

“É o entretenimento como um tipo de atrativo para o país”, diz a brasileira Rebeca Ribeiro, estudante. Apaixonada pelo k-pop, que mescla estilos como o hip-hop e a música eletrônica, ela frequenta exposições e feiras típicas, além de organizar eventos em homenagem aos ídolos. Foi por meio de tais eventos que viu o público-alvo se transformar ao longo dos anos. “As mães são fãs, às vezes mais que os próprios filhos.”

Ela também dedicou o trabalho de conclusão de curso da graduação ao tema. “Como os conteúdos hallyu se diversificaram, observamos um crescimento de outras vertentes entre novos grupos etários, como k-dramas e outros filmes”, diz Kim. Hallyu é a “onda coreana”, o fenômeno em que os elementos da cultura pop sul-coreana se tornam populares no exterior.

A assistente administrativa Aline Teodoro da Silva, também brasileira, é fã dessa e de outras culturas asiáticas, como a japonesa. Ela frequenta festivais e já realizou o curso gratuito do idioma no KCC Brasil.

Adepta do gênero musical, ela enxerga a chance de ir à Coreia com o novo visto de maneira ampliada. “Ao visitarem o país, as pessoas podem descobrir a cultura coreana além do k-pop e, à medida que isso se popularizar, preconceitos serão quebrados.”