A Coreia do Norte abria nesta sexta-feira sua primeira grande assembleia política em quase 40 anos, com o congresso do Partido único no poder tendo como pano de fundo um possível quinto teste nuclear.

Milhares de delegados chegaram a Pyongyang, de todo o país, para assistir a este encontro excepcional do Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC).

O dirigente máximo Kim Jong-un pronunciará um discurso muito esperado durante a abertura do Congresso, que será observado de perto pelos analistas para detectar possíveis mudanças na linha de política ou reajustes na elite do poder, em um Estado que causa preocupação por estar dotado de armamento nuclear.

O evento permitirá – após quatro anos de purgas, reformas e execuções no topo da hierarquia – pavimentar formalmente a condição de Kim Jong Un como líder supremo e inquestionável da Coreia do Norte.

Kim Jong-un, de 33 anos, não havia nascido quando foi celebrado o último congresso, em 1980, y que consagrou seu falecido pai, Kim Jong-il, como herdeiro do fundador desta ditadura dinástica, Kim Il-sung.

Não foram revelados detalhes sobre a reunião, nem sobre sua duração, mas o certo é que deverá reafirmar o poder frente ao regime de Kim Jong Un, classificado pela imprensa estatal norte-coreana de o “Grande Sol do século XXI”.

Após a morte de seu pai em dezembro de 2011, muitos analistas não acreditavam nas possibilidades de Kim Jong-Un. Consideravam que o jovem, que estudou na Suíça, não tinha as costas suficientemente largas para sobreviver aos maquiavélicos meandros políticos da Coreia do Norte.

Mas Kim provou o contrário e conseguiu eliminar todos aqueles que considerava desleais dentro do partido, do governo e do exército.

Ele acabou com a estratégia “songun” (o exército primeiro) de seu pai e a substituiu pelo “byungjin”, que consiste em realizar ao mesmo tempo o desenvolvimento econômico e os programas nucleares e balísticos.

Para o Rodong Sinmun, jornal oficial do partido, o congresso é um acontecimento quase “sagrado”, que permitirá elogiar as conquistas de Kim, tanto na infraestrutura como por seus programas nuclear e balístico.

Pyongyang está submetida a sanções do Conselho de Segurança da ONU e é objeto de duras críticas pela situação na área de direitos humanos. Além disso, o país considera que está ameaçado pelos exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul e Estados Unidos.

Mas, para o jornal, há muito a festejar: ao mencionar o arsenal nuclear como uma “espada preciosa”, o Rodong Sinmun explica que estas armas são um “feliz tesouro que permitirá muitas coisas nas próximas décadas”.

Os especialistas especulam sobre um possível quinto teste nuclear de Pyongyang, pouco antes – ou até mesmo durante -, o congresso, para reafirmar ao mundo o status de potência nuclear da Coreia do Norte.

Pyongyang executou no dia 6 de janeiro seu quarto teste nuclear, seguido em fevereiro de um lançamento de foguete e depois por testes de mísseis de curto e médio alcance.

Analistas acreditam que Kim pode anunciar que o país já dispõe de uma força de dissuasão nuclear, o que permitiria um foco maior no desenvolvimento econômico.

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