A população japonesa demorou a entender o que estava acontecendo na manhã da terça-feira 4, quando autoridades do governo fizeram soar alarmes para que as pessoas buscassem imediatamente os diversos abrigos construídos visando à proteção na eventualidade de bombardeios. Com a situação finalmente compreendida, veio o justificável pavor: parte do território do Japão acabara de ser sobrevoado por um míssil balístico com capacidade de transporte de ogivas nucleares, lançado pela Coreia do Norte. Após o sobrevoo, o artefato de guerra caiu no Oceano Pacífico, aproximadamente a três mil quilômetros da costa, sem a necessidade, portanto, de que as forças de segurança japonesas acionassem seu arsenal de interceptação. Ainda assim, o governo paralisou o transporte ferroviário e ordenou a evacuação de parte da ilha de Hokkaido e da cidade a Aomori. A última vez que Pyongyang, capital da Coreia do Norte, disparara um míssil similar sobre o Japão fora em 2017, no auge das tensões entre o obscurantista e belígero líder norte- coreano, Kim Jong-un, e o não menos autoritário e belicista ex-presidente norte- americano Donald Trump.

“Foi uma agressão injustificável. A União Europeia é e seguirá sendo solidária ao Japão e à Coreia do Sul” Charles Michel, presidente do Conselho Europeu (Crédito:JOHN MACDOUGALL)

Tripla reação

Segundo analistas internacionais e fontes da Coreia do Sul, o objetivo de Pyongyang, além de amedrontar o Japão, foi o de intimidar a Casa Branca exibindo forte poderio militar. O recado foi entendido — e respondido. Em uma operação conjunta, as Forças Aéreas da Coreia do Sul, do Japão e EUA promoveram uma simulação de bombardeio de alta precisão com aviões F-15k e F-16 (foto acima). Houve uma série de manobras e testes militares com caças sobrevoando o mar Amarelo e atingindo alvos fictícios. Quatro mísseis classificados como terra-terra foram lançados ao mar. O presidente dos EUA, Joe Biden, em telefonema ao primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, reafirmou o “compromisso firme com a defesa de Tóquio”.

GUERRA
Na Finlândia, a população brinda com champanhe o adeus a Lênin

FIM DO COMUNISTA Remoção do monumento: protesto contra a invasão da Ucrânia (Crédito:SASU MAKINEN)

Já não há na Finlândia nenhuma estátua pública do comunista Wladimir Ilyich Ulianov, que politicamente adotou o nome de Lênin e foi um dos principais fundadores da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Ela estava instalada na cidade de Kotka, no sudeste do país, e foi retirada na semana passada. Desde que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro desse ano, os finlandeses passaram a remover monumentos que traduzam a história soviética. Para se ter uma ideia do quanto a população estava querendo se livrar da estátua de Lênin, muita gente que assistiu à remoção o fez tomando champanhe.

NOBEL
Annie Ernaux, a escritora que revolucionou a autoficção

ELA É ELA Annie Ernaux: reflexões e estilo conciso (Crédito:Johanna Geron)

A escritora francesa Annie Ernaux, 82 anos, será uma das mais marcantes presenças no mês que vem na Festa Literária Internacional de Paraty. E agora virá como ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2022 – seu nome foi anunciado como laureado na quinta-feira 6. Conhecida no Brasil por algumas de suas obras traduzidas, Annie Ernaux, nascida pobre na região rural da França, é dona de um raro estilo: a combinação, numa escrita cativante, de textos de conteúdo autobiográfico com o gosto pela concisão. Isso a consagra como uma das pioneiras da denominada autoficção. Annie fala de sua vida e, ao mesmo tempo, reflete sobre as circunstâncias sociais – não sem motivo, portanto, ela se classifica “etnóloga de si mesma”. Algumas de suas principais obras: Os Anos, O Lugar, A Vergonha e o excelente O Acontecimento – nesse último a autora narra um aborto clandestino ao qual se submeteu quando era universitária. A adaptação para o cinema foi premiada com Leão de Ouro no Festival de Veneza.