Uma democracia responsável – digna destes adjetivos – não faz proselitismo político, ideológico ou o escambau sobre cadáveres e/ou tragédias humanas.

Os Estados Unidos da América, por exemplo, a maior e mais poderosa democracia do planeta, jamais exibiram as cenas (as quais possuem controle, obviamente) dos mortos sob os escombros das Torres Gêmeas. E há motivos para isso.

Quando os terroristas do ISIS exibiam os pavorosos vídeos de decapitação de sequestrados, bilhões de seres humanos se horrorizavam (e se aprisionavam no medo que o terror causa), mas alguns poucos milhares, acreditem, se motivavam e procuravam o grupo como voluntários.

Sim. É isso mesmo! Uma parcela da humanidade, infelizmente, encontra estímulo na barbárie, por isso os governos (repito: democracias responsáveis) tentam impedir a divulgação de certas notícias e imagens. Sem falar, é claro, no estímulo ao ódio e sentimento de vingança das vítimas.

PROPAGANDA

Imagine o leitor amigo, a leitora amiga, pais israelenses assistindo ao estupro de sua filha. Ou a um bebê sendo decapitado ou carbonizado vivo. A idosos sendo espancados barbaramente até a morte. Haveria, imediatamente, dois sentimentos: pânico e ódio. O primeiro imobiliza a vida em sociedade. O segundo mantém acesa a chama da vingança.

Historicamente, os terroristas islâmicos utilizam este tipo de propaganda para manterem fortes os seus grupos. Atacam cidadãos inocentes mundo afora, violentando, queimando, estuprando, sequestrando e, quando são contra-atacados, exibem seus mortos, vitimizando-se falsamente, “vendendo” a morte com orgulho, como se fosse um troféu ou mesmo uma obrigação divina.

LULA

A embaixatriz israelense no Brasil, Liora Zonshine, fez um apelo ao presidente Lula para que assistisse a um vídeo que seu governo vem exibindo para autoridades mundiais (de forma extremamente restrita e reservada, tomando todos os cuidados para que não vazem ou sejam reproduzidos fora do ambiente de exibição).

O motivo da embaixatriz é mostrar ao chefe de Estado brasileiro quem é – e o que faz – o Hamas, e porque Israel precisa aniquilar de uma vez por todas estes selvagens. A posição do Brasil é francamente desfavorável a Israel, uma vez que nem sequer reconhecer o Hamas como um grupo terrorista o governo fez, ao mesmo tempo em que chama o estado judeu de genocida e o acusa (falsamente) de manter sequestrados em território israelense.

O vídeo com cenas pavorosas de violência explícita foi mostrado a parlamentares em Brasília, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro que, sem ser convidado pelo embaixador de Israel, compareceu ao local de exibição. São 40 minutos do mais puro horror, como um pai atirando-se sobre uma granada, para proteger os filhos.

ENCERRO

Seria oportuno se o presidente do Brasil aceitasse a missão de assistir, com os próprios olhos, os atos daqueles que, velada e timidamente, se acumplicia. Ainda que não adiantasse muito, ao menos deitaria em sua cama com algum resquício de solidariedade aos israelenses. Ou estaria eu sendo muito otimista?