O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (4) a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, a 5,25%, e informou que em setembro prevê um aumento similar, reforçando o desejo de apertar os cintos para conter a disparada da inflação.

A decisão, que coincide com a projeção média dos analistas, representa a maior alta desde 2003 e a quarta alta consecutiva da Selic, que havia sido reduzida ao mínimo histórico de 2% entre agosto de 2019 e março passado para atenuar o impacto da pandemia do novo coronavírus no investimento e no consumo.

As três altas anteriores foram de 0,75 ponto percentual, insuficientes para conter a inflação, que, no acumulado de 12 meses, passou de 2,13% em junho de 2020 para quase o quádruplo, 8,35%, em junho deste ano e provavelmente 9% em julho.

O Copom informou que, “neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros”, e acrescentou que na próxima reunião, de 21 e 22 de setembro, prevê “outro ajuste da mesma magnitude”, deixando a porta aberta para um aumento ainda maior.

“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação em um horizonte relevante”, assinalou.

O esforço deve ser intenso: operadores do mercado prevêem um aumento nos preços de 6,79% neste ano, bem acima da meta oficial, de 3,75%, e do teto de tolerância de 5,25%, segundo o boletim Focus, do Banco Central, que prevê uma Selic de 7% até o fim do ano.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, acredita que a mesma chegará a 7,5%, levando em consideração que o Copom se referiu “ao tamanho do ciclo” de altas.

Segundo o professor de economia Mauro Rochlin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a inflação não se deve mais a fatores ocasionais ou ao aumento de produtos específicos, e sim está “disseminada”, devido à abertura do setor de serviços à medida que a vacinação avança. Outros economistas advertem que as taxas elevadas podem sufocar a recuperação econômica.

De acordo com o boletim Focus, o PIB do país crescerá 5,30% este ano, após uma contração de 4,1% em 2020. Mas o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV considera que um excesso de rigor monetário “irá piorar a condições de crédito para as famílias e empresas”.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias