O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil surpreendeu nesta quarta-feira (6) com um corte de 0,75 ponto percentual em sua taxa básica de juros, a Selic, reduzindo-a ao mínimo histórico de 3%.

A expectativa entre os analistas era um corte de 0,5 ponto percentual da Selic, a 3,25%.

Mas o Copom informou que a conjuntura econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus requer um “estímulo monetário extraordinariamente elevado”.

O comitê informou, ainda, que está disposto a proceder a “um último ajuste, não maior que o atual”, em sua próxima reunião, em 17 de junho, “para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da COVID-19”.

Taxas de juros menores barateiam o crédito e fomentam o investimento.

Este foi o sétimo corte consecutivo da Selic desde julho passado, quando estava em 6,5%, então um mínimo histórico, superado a cada reunião do BC.

Mas os primeiros cortes buscavam sustentar, com inflação controlada, a retomada do crescimento de uma economia que registrava índices acima apenas de 1% desde a recessão de 2015-2016, e dependiam de que o governo de Jair Bolsonaro mantivesse o ritmo dos ajustes e reformas solicitados pelos mercados.

Em seu comunicado nesta quarta-feira, o Copom admite que esta condição perdeu espaço ante à urgência da crise sanitária, mas ressalta que voltará a considerá-la em 2021.

“O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo” monetário, diz o documento.

O Brasil é o país mais afetado pela COVID-19 na América Latina, onde morreram mais de 8.000 pessoas sem a pandemia ter chegado ainda ao seu pico, aguardado entre este mês e junho.

Vários estados determinaram medidas de quarentena parcial, que já começaram a se refletir nas estatísticas.

A produção industrial brasileira desabou 9,1% em março com relação a fevereiro, agravando um cenário que já contava com quase 13 milhões de desempregados.

Para 2020, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma contração de 5,3% do PIB no Brasil, a maior economia latino-americana.