16/07/2018 - 15:29
Os doze estádios construídos ou reformados para a Copa do Mundo do Brasil-2014 lutam, quatro anos depois da competição, por sua sobrevivência.
Alguns deles foram construídos em cidades onde não há equipes de alto nível e viraram verdadeiros elefantes brancos.
Além de terem tido um custo muito superior ao esperado, esses estádios continuam sendo um peso, devido aos gastos elevados de manutenção. E quando as autoridades não conseguem sustentá-los, começam a se deteriorar.
“Obras que custaram uma fortuna têm problemas graves de infiltrações, como é o caso em Cuiabá, por exemplo, onde o estádio nem foi terminado”, lamentou Paulo Henrique Azevedo, encarregado do Gesporte, grupo de estudos sobre gestão esportiva da Universidade de Brasília (UnB).
Em entrevista à revista Exame, o consultor em gestão esportiva Amir Somoggi afirmou que a melhor solução seria “implodir os menos rentáveis, como de Brasília, Cuiabá e Manaus”.
Recentemente, a Exame destacou que dez dos 12 estádios são “monumentos à corrupção”, devido à má-gestão de todo tipo durante sua construção.
O mítico Maracanã, a joia da coroa na capital fluminense, teve uma reforma cercada de polêmica e, inclusive, ficou abandonado durante meses depois dos Jogos Olímpicos de 2016, devido a um imbróglio político-judicial que contrapôs a concessionária com o comitê organizador do evento.
– Copa América 2019 –Um estudo do laboratório de jornalismo da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) destaca que só a Arena Corinthians, na capital paulista, teve público superior a 50% entre 2015 e 2017.
Chegou, inclusive, a ter uma lotação média de 86% nos 19 confrontos do último campeonato brasileiro, vencido pelo Corinthians, com 40.000 espectadores por partida.
Mesmo assim, o estádio é uma fonte de problemas para o clube, mergulhado em dívidas para financiar sua construção.
Paradoxalmente, o Arena da Baixada, em Curitiba, do Atlético Paranaense, que teve grandes atrasos durante sua construção, é um dos mais bem administrados.
O Beira-Rio de Porto Alegre, reformado para o Mundial, também tem um bom desempenho, sendo regularmente usado pelo Internacional.
No entanto, sofre na comparação com o ultramoderno estádio que o Grêmio, seu arquirrival construiu do zero, mesmo sabendo que não seria usado para o Mundial.
A Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) ainda deve decidir quais os dois estádios que vão sediar a Copa América 2019, que será disputada no Brasil.
Em São Paulo, os organizadores do torneio também estão na dúvida entre a Arena Corinthians, onde foi disputada a abertura da Copa do Mundo de 2014, e o estádio de seu grande adversário, Palmeiras, que não recebeu jogos da Copa, mas é uma verdadeira joia, onde inclusive foram celebrados vários shows.
Receber espetáculos, além de jogos de futebol é uma forma de dar algo de rentabilidade aos elefantes brancos.
Em Brasília, onde foi construído o Mané Garrincha, o mais caro de todos os estádios, ao custo de 1,4 bilhão de reais, mais que o dobro do orçamento inicial, as autoridades falam de “elefante colorido”.
Alguns espaços sob as arquibancadas foram transformados em escritórios da administração e ali se celebra todo tipo de evento, casamentos inclusive.
– Desertos futebolísticos –Construídos para incentivar o turismo no Pantanal e na Amazônia, os estádios de Cuiabá e Manaus foram erguidos em “desertos” futebolísticos, onde são mais frequentes os jogos de futebol americano.
Outra forma de fazer com que alguns estádios sejam mais rentáveis é disputar ali alguns jogos dos times principais do Rio, mas isto ocorre muito esporadicamente, para assegurar uma receita sustentável.
A paixão pelo futebol está presente no nordeste, mas o público nos estádios de Salvador, Recife, Natal e Fortaleza depende muito dos resultados das equipes, que oscilam entre a primeira e a segunda divisão.
Em Belo Horizonte, o Mineirão, maldito por ter sido o cenário do 7 a 1 nas semifinais da Copa de 2014, só recebe jogos do Cruzeiro, um dos dois principais times locais. O Atlético Mineiro prefere o estádio Independência, menor e mais rentável.
Mas a empresa que administra o Mineirão procurou uma forma original de espantar o fatídico legal daquele jogo, ao se associar com instituições alemãs para leiloar pedaços da rede do gol daquela partida, com renda revertida para obras beneficentes.
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