Começa nesta sexta-feira (14) a Copa América, a grande festa do futebol sul-americano, que este ano tem o Brasil como anfitrião, mas o torneio chega ao país em um momento agitado política e socialmente. Além disso, a seleção não vai contar com seu maior astro Neymar, que se machucou e enfrenta uma acusação de estupro.

A bola rola às 21h30 (pelo horário de Brasília) no Estádio do Morumbi, em São Paulo, para Brasil e Bolívia.

A seleção brasileira vai jogar de branco em homenagem aos primeiros campeões continentais (1919). Essa cor deixou de ser usada depois do trágico ‘Maracanazo’ em 1950.

A equipe comandada por Tite vai precisar resgatar a confiança da torcida rumo ao nono título continental, 12 anos depois da conquista do último, na Venezuela.

A abertura coincide com a convocação de uma greve geral e manifestações em todo o país para protestar contra a reforma da previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro.

Segundo um primeiro balanço das centrais sindicais divulgado ao meio-dia, 45 milhões de trabalhadores aderiram à greve em 300 cidades de quase todos os estados. O portal G1 informou que os protestos ocorreram em 84 cidades de 21 estados até as 10h.

Em São Paulo – onde a abertura terá a presença do presidente Jair Bolsonaro – uma linha do metrô ficou totalmente paralisada e outras três operavam parcialmente, segundo dados da companhia pública. Só a linha 4, que chega ao Morumbi, e a 5, as duas de gestão privada, funcionavam normalmente.

Em outras capitais como Salvador só o metrô funcionava, enquanto que em Belo Horizonte e Brasília ocorreram paralisações parciais.

Apesar da ausência de Neymar, a seleção não foge do favoritismo: “O Brasil, independentemente da competição, é favorito e está obrigado a jogar bem e vencer. Mesmo sem o Neymar, nossa principal estrela, continuamos fortes”, disse na quinta o volante do Real Madrid, Casemiro.

– Responsabilidade histórica –

Tite admitiu que a seleção tem a pressão de acabar com o jejum de títulos. Além disso, o Brasil nunca perdeu um torneio continental como anfitrião (1919, 1922, 1949 e 1989). “Não se pode fugir dessa responsabilidade”, sentenciou.

Não é de se estranhar que nesse ambiente conturbado a organização só tenha vendido 65% dos ingressos, como reconheceu na quarta, e que só metade dos brasileiros ache o Brasil favorito ao título, segundo uma pesquisa e 70% disseram estar “pouco” ou “nada” interessados no torneio.

Na quinta à noite, cerca de duas mil pessoas faziam fila para retirar ingressos no Memorial da América Latina em São Paulo e alguns reclamaram das várias horas de espera.

A Copa América será disputada de 14 de junho a 7 de julho por dez seleções da região e os convidados Japão e Catar, em cinco cidades: Rio, São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Belo Horizonte.

– A ‘dívida’ de Messi –

Não é só o Brasil que está sedento por títulos. Após oito tentativas fracassadas, para o astro argentino Lionel Messi a Copa América é uma de suas últimas chances de ganhar algo com a ‘Albiceleste’.

“Quero encerrar minha carreira tendo vencido algo com a seleção ou tentá-lo em todas as vezes possíveis”, declarou Messi, que perdeu as últimas duas finais continentais nos pênaltis, ambas contra o Chile.

Assim como o gênio argentino, outros grandes jogadores querem apagar a temporada europeia que encerraram sem muito brilho: os uruguaios Luis Suárez e Edinson Cavani, os chilenos Alexis Sánchez e Arturo Vidal, os colombianos James Rodríguez e Radamel Falcao e até o brasileiro Philippe Coutinho.

O torneio será transmitido pela TV para mais de 178 países e a Confederação Sul-Americana de Futebol quer mostrar a força de seu futebol. “Vamos voltar a liderar o futebol mundial”, disse na quinta o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que anunciou que Austrália e Catar, anfitrião da Copa de 2022, serão as equipes convidadas para a Copa América-2020, que será organizada por Argentina e Colômbia.

A Federação Australiana (FFA) se mostrou muito feliz “que nossos ‘Socceroos’ possam participar dessa prestigiosa competição pela primeira vez em nossa história”.

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