BELÉM, 24 OUT (ANSA) – Por Patrizia Antonini – A luta contra as mudanças climáticas deve caminhar lado a lado com o combate à fome e à pobreza. Deve colocar no centro as pessoas que habitam as florestas da Amazônia e dar a elas a oportunidade de um desenvolvimento sustentável.
Esta é uma das mensagens centrais da Declaração de Belém, o documento que a presidência brasileira da COP30 está preparando para os líderes que se reunirão na cúpula nos dias 6 e 7 de novembro na capital do Pará, uma das principais portas de entrada para a Amazônia no país.
Esta iniciativa aprofunda o escopo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e a vincula a um dos temas-chave do G20, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado, indo além da Declaração de Paris.
Não é por acaso que o líder progressista insistiu em levar os chefes de Estado e de governo a Belém. A ideia é mostrar ao mundo que as florestas tropicais não são lugares estéreis, mas terras habitadas por pessoas que vivem e trabalham, buscando fontes de sustento, ao mesmo tempo em que oferecem soluções potenciais para preservar os pulmões da Terra.
Por essa razão, segundo a declaração, é necessária uma mudança de paradigma na abordagem da questão, juntamente com um compromisso financeiro que responsabilize mais os países mais ricos, que seguiram modelos que deveriam ser arquivados.
O esforço é o mesmo acordado na COP29 em Baku, para mobilizar pelo menos US$ 300 bilhões anualmente até 2035, com os países desenvolvidos liderando o caminho. E isso faz parte de um esforço coletivo, com financiamento público e privado, para atingir um total de pelo menos US$ 1,3 trilhão anualmente até 2035.
“Enfrentar a distribuição desigual dos impactos climáticos exige uma mudança fundamental em nossa abordagem de ação”, afirma o rascunho do documento no qual os sherpas continuam trabalhando.
E em Belém, pode-se testemunhar, em primeira mão, como produtores familiares de açaí e dendezeiros, pescadores, pastores, povos indígenas e comunidades locais – entre os mais vulneráveis ao aquecimento global ? podem representar simultaneamente bastiões para sistemas alimentares sustentáveis, uso da água, gestão de ecossistemas, desenvolvimento econômico e estabilidade social.
Esses são verdadeiros baluartes, mas somente se adequadamente apoiados por investimentos, acesso a financiamento e políticas direcionadas.
Por outro lado, observa-se que “não há maneira duradoura de combater o desmatamento sem promover o desenvolvimento social e econômico, com meios de subsistência alternativos para as populações que vivem nessas regiões”.
Para esse fim, o Fundo de Conservação das Florestas Tropicais (TFFF) promove o apoio ao desenvolvimento, e fundos e instrumentos são incentivados “para implementar projetos” que visem “pessoas, natureza e clima”.
Até 2030, de acordo com a declaração, quase 60% da população em extrema pobreza, ou aproximadamente 435 milhões, viverá em economias afetadas por conflitos e instabilidade. Mas talvez a Declaração de Belém possa fazer a diferença. (ANSA).