Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A Cooxupé estimou nesta sexta-feira um crescimento nos embarques aos mercados externo e doméstico para 6,8 milhões de sacas de 60 kg de café em 2022, com a maior cooperativa de cafeicultores do Brasil buscando originar mais produto de não cooperados para reduzir os efeitos das geadas do ano passado, que impedirão que as árvores atinjam seu melhor potencial.

Os volumes de embarques previstos se comparam com os 6,027 milhões registrados no ano passado e 5,9 milhões de 2020, o último ano de alta do ciclo bienal do café arábica, a variedade negociada pela cooperativa com sede no sul de Minas Gerais, mas com atuação no Cerrado mineiro e em São Paulo.

Já a exportação da Cooxupé, maior exportadora de café do Brasil, foi estimada em 5,9 milhões de sacas em 2022, ante 4,9 milhões de sacas em 2021, quando houve uma estabilidade ante 2020.

Em entrevista à Reuters nesta sexta-feira, o presidente da cooperativa, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, disse que esse crescimento nas vendas só será possível porque a cooperativa tem expectativa de aumentar os recebimentos para 6,1 milhões de sacas em 2022, sendo 1,5 milhão de sacas de terceiros e 4,6 milhões de cooperados.

Em 2021, os recebimentos somaram 5,6 milhões de sacas, com os não associados respondendo por um volume menor nas entregas, de 1,1 milhão de sacas.

“A cooperativa tem expandido em área de originação de café, e esperamos que possa ter um incremento”, disse Melo.

Já a produção de café dos cooperados da Cooxupé em 2022 foi estimada em cerca de 7,5 milhões de sacas, estável ante 2021, mas distante do recorde de 10,99 milhões de 2020.

“Os números para 2022 serão muito parecidos com 2021, as geadas prejudicaram… Em 2022 seria o ano de alta (do ciclo bienal), mas a geada… o clima proporcionou essa frustração nossa para 2022, e isso está se consolidando”, disse o presidente da cooperativa.

Para este ano, a Cooxupé também conta com estoques de 2021 para cumprir suas expectativas.

Ele lembrou que em 2021 os embarques brasileiros tiveram dificuldades com fretes mais altos e a falta de contêineres em parte do ano devido a uma crise logística em meio à pandemia de Covid-19.

“Até então os nossos estoques estavam aumentando, não estava fluindo bem, mas de um tempo para cá melhorou… a exportação está começando a se normalizar”, disse.

As declarações foram dadas após assembleia da cooperativa na qual foram anunciadas as chamadas “sobras” para os produtores de mais de 120 milhões de reais, diante de um resultado de 356 milhões de reais e de um faturamento de 6,7 bilhões de reais em 2021, alta de 33% ante 2020.

Dos mais de 17 mil cooperados da Cooxupé, 97,7% correspondem à agricultura familiar, ou seja, micro e pequenos produtores.

A assembleia é tradicionalmente realizada antes da colheita, que deve começar em algumas áreas em maio, enquanto o grosso da safra vem em junho e julho, disse Melo, acrescentando que espera que o início ocorra dentro do período normal.

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