Controle aéreo estava desfalcado em dia de acidente nos EUA

Controle aéreo estava desfalcado em dia de acidente nos EUA

"BuscasFuncionário precisou assumir duas funções em razão de efetivo reduzido, diz agência americana. Causas do acidente ainda são investigadas.Um relatório preliminar da Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA aponta que a equipe dedicada ao controle aéreo "não era normal para a hora do dia e o volume de tráfego" no momento do acidente entre um avião e um helicóptero em Washington, na última quarta-feira.

As informações foram inicialmente reveladas pelo jornal americano The New York Times.

Segundo o veículo, o número reduzido de trabalhadores fez com que um funcionário tivesse que assumir duas funções ao mesmo tempo: o controle aéreo tanto do tráfego de aviões quanto dos helicópteros que sobrevoaram a capital dos Estados Unidos naquele momento.

A situação é considerada "anormal" mas corriqueira quando não há tráfego aéreo intenso. Apesar do número reduzido, o áudio das comunicações do controlador de tráfego no momento do acidente mostraram que um profissional alertou os tripulantes do helicóptero sobre a aproximação do avião.

Escassez de pessoal

O incidente evidenciou a escassez crônica de pessoal e as condições de trabalho dos controladores aéreos nos EUA, um problema denunciado há anos por especialistas e profissionais da área.

Das 30 vagas necessárias para o controle de tráfego do Aeroporto Nacional Ronald Reagan de Washington, onde o acidente aconteceu, por exemplo, apenas 25 estão ocupadas.

Uma reportagem de agosto de 2023, também publicada pelo The New York Times, já alertava que muitos controladores nos EUA eram forçados a fazer turnos de 10 horas durante seis dias por semana.

As características do espaço aéreo da capital americana, que possui três aeroportos comerciais, agravam o problema. A cidade possui um espaço aéreo limitado, ao mesmo tempo em que recebe um tráfego elevado de aviões comerciais, aeronaves privadas e de segurança.

Mais de 100 helicópteros levantam voo todos os dias em Washington. Entre 2017 e 2019, somente em um raio de 48 quilômetros do Aeroporto Ronald Reagan, passaram 88 mil aeronaves deste tipo, sendo 13 mil militares e 18 mil do aparato policial disse o Escritório de Prestação de Contas do Governo americano em 2021.

Segundo o The Washington Post, os alertas de segurança e incidentes são frequentes no céu de Washington. No dia anterior ao acidente, por exemplo, "um pouso no [aeroporto] nacional [Ronald Reagan] teve que ser abortado para evitar uma colisão com um helicóptero".

Busca por corpos continua

O acidente da noite de quarta-feira ocorreu quando um helicóptero militar, com três pessoas a bordo, e um avião comercial Bombardier CRJ700 da American Eagle, com 60 passageiros e quatro tripulantes, colidiram no momento do pouso da aeronave de passageiros.

Acredita-se que não há sobreviventes, o que faz deste acidente aéreo o mais mortal das últimas duas décadas nos EUA.

Nesta sexta-feira, as autoridades dos EUA restringiram os voos de helicóptero perto do Aeroporto Ronald Regan por tempo indeterminado. A medida evita o risco de uma nova colisão enquanto as equipes trabalham para retirar os destroços das aeronaves do rio Potomac.

Até o momento, foram encontraram 41 corpos das vítimas do acidente.

Autoridades ainda investigam motivo do acidente

As autoridades americanas ainda não apontaram uma razão específica para o acidente. A caixa preta do helicóptero, com os dados do voo e as vozes na cabine de comando, ainda será recuperada.

O National Transportation Safety Board já está estudando o gravador de voz da cabine de comando e o gravador de dados de voo do avião CRJ700.

Os militares americanos disseram que a altitude máxima para a rota que o helicóptero estava percorrendo é de 61 metros, mas que ele poderia estar voando mais alto.

A colisão ocorreu a uma altitude de cerca de 91 metros, de acordo com o site de rastreamento de voos FlightRadar24.

Além disso, sete pilotos ouvidos pela Reuters disseram que o pouso no aeroporto Ronald Regan é dificultado por ter pistas mais curtas, e que pilotos comerciais não conseguem se comunicar com aeronaves militares, que usam outra frequência de rádio.

gq (EFE, AP, Reuters, OTS)