BRUXELAS, 14 ABR (ANSA) – A Comissão Europeia decidiu distribuir telefones e laptops descartáveis para seus funcionários em missões nos Estados Unidos, para evitar o risco de espionagem.
A informação foi divulgada nesta segunda-feira (14) pelo jornal “Financial Times”, citando fontes do executivo da UE, que revela que a iniciativa era uma precaução até agora reservada para viagens à China.
Segundo a publicação, comissários e autoridades que participarão das reuniões do FMI e do Banco Mundial, em Washington, na próxima semana, receberam novas diretrizes semelhantes às usadas em missões na Ucrânia e na China, onde o uso de dispositivos comuns não é permitido para conter o risco de vigilância russa e chinesa.
O tratamento dos Estados Unidos como uma potencial ameaça à segurança destaca a deterioração das relações transatlânticas após o retorno de Donald Trump à Casa Branca, acrescenta o jornal, citando um funcionário da Comissão Europeia que disse que os líderes de Bruxelas estão “preocupados” que Washington “possa interferir nos sistemas internos da UE”.
“A histórica aliança transatlântica acabou”, garantiu outro funcionário da UE.
O executivo da presidente Ursula von der Leyen confirmou a atualização das diretrizes de segurança, limitando-se a especificar que o serviço diplomático da UE estava envolvido na revisão.
Entre as novas instruções para autoridades em missão está a necessidade de desligar os telefones na fronteira, colocá-los em estojos especiais antiespionagem quando não estiverem em uso e certificar-se de que os vistos serão incluídos em documentos diplomáticos e não em passaportes nacionais.
Em um clima marcado pela crescente desconfiança, o comissário comercial do bloco, Maros Sefcovic, está atualmente envolvido em uma nova rodada de negociações em Washington para evitar uma escalada na guerra tarifária.
No entanto, ele não será o único representante da UE a viajar para o exterior: outros três comissários ? Valdis Dombrovskis, Maria Luis Albuquerque e Jozef Sikela ? participarão das reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, programadas para 21 a 26 de abril.
Reação – Após a informação vir à tona, um porta-voz da Comissão Europeia negou o conteúdo do artigo. “Negamos ter dado qualquer instrução à nossa equipe recomendando o uso de telefones descartáveis durante missões oficiais aos Estados Unidos. Esta medida não é mencionada nas fichas informativas sobre recomendações de viagem ou em qualquer outro documento”, garantiu.
Segundo o representante do bloco, recentemente, foram atualizadas “diversas fichas técnicas com recomendações de viagens específicas para cada país para autoridades”, indicando que a revisão reflete “as mudanças mais recentes na forma como a Comissão se comunica, bem como o aumento geral das ameaças à segurança cibernética em todo o mundo”. (ANSA).