Contra a censura

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O Conselho Nacional do Ministério Público recusou o pedido de liminar feito no dia 9 de agosto pelos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o órgão proibisse procuradores da Lava Jato de emitir comentários depreciativos a respeito dele ou de seus familiares ou juízo de valor público acerca das investigações que a eles se referem. A defesa de Lula mirou nominalmente os procuradores Julio Carlos Noronha, Roberto Henrique Pozzobon, Jerusa Burmann Viecili e Athayde Ribeiro Costa, integrantes da Força Tarefa que atua em Curitiba. O conselheiro Valter Shuenquener decidiu na segunda 22 que: “O CNMP não é órgão de censura prévia de membros do Ministério Público”. E destacou que cabe ao órgão apenas o controle disciplinar dos procuradores.

Censura 2

Os advogados de Lula acusaram os profissionais da Lava Jato de fazer “indevida e ilícita espetacularização”. Avaliaram também que os procuradores “anteciparam juízo de valor relativo a pessoas referidas em investigação em curso”. E citaram entrevista em que diziam que uma denúncia contra Lula seria oferecida no prazo de dois meses.

Censura 3

A decisão foi monocrática e se a defesa de Lula recorrer, pode ser reapreciada no plenário. Valter Shuenquener ponderou em seu despacho que o mesmo assunto foi endereçado ao corregedor-geral do CNMP, que decidiu abrir uma reclamação disciplinar para apurar se os procuradores falaram demais.

Cabeça quente

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Nesta terça-feira (30) em que o Senado decide se Dilma sofrerá ou não o impeachment, uma das maiores defensoras da presidente afastada, Gleisi Hoffmann, terá outra grande preocupação. O Supremo Tribunal Federal deve deliberar se aceita a denúncia contra ela e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo. Há suspeita de pagamento de R$ 1 milhão de propina da Petrobras para a campanha da petista, segundo delator.

Rápidas

* Desconfianças recíprocas assolam PT, PMDB e PSDB sobre a real motivação que levou o procurador-geral da República a cancelar a pré-delação de Leo Pinheiro, da OAS. Um lado acha que a ação preserva Lula. Outros acham que a iniciativa é para poupar citados tucanos e peemedebistas. O fato é: o que a PGR fará com todas as informações que já colheu?

* Seja lá qual for o real motivo, um interlocutor do ex-presidente Lula afirmou que o petista estava radiante com a decisão do Procurador-Geral da República. Comemorou “como se fosse gol do Corinthians”, brincou. Mas disse que a família Lula continua tensa.

* Um dos principais auxiliares de Michel Temer saiu de uma conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), convencido de que ele vai se abster na votação que decide o impeachment de Dilma. Renan deve marcar para às 15h a posse de Temer.

* O Itamaraty costurou até agora quatro importantes encontros bilaterais de Michel Temer com os chefes de Estado da Espanha, da Itália, da China e com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita. As reuniões acontecerão na China, no início deste mês de setembro.

Retrato falado
“Seja autêntico”

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Keegan Goudiss, diretor de publicidade digital da campanha presidencial de Bernie Sanders, o desconhecido democrata que quase desbancou Hilary Clinton nas eleições americanas, vem a Brasília em 1º de setembro para seminário na UniCEUB. Ele mandou um conselho a candidatos anônimos: “Seja autêntico. Com as mídias sociais mudando o cenário, é mais fácil de detectar quando um candidato não está confortável com o que estão discutindo, ou quando não estão transmitindo paixão em torno dele”.

Toma lá dá cá

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Ministro das Relações Exteriores, José Serra
O que o senhor acha da iniciativa dos apoiadores de Dilma dizerem internacionalmente que está em curso no Brasil um golpe de Estado? Na política brasileira, o PT especializou-se na construção de “narrativas” sobre o desenrolar dos fatos. Nem sempre deram certo. Mas por vezes, conseguiram resultados no curto prazo. Esse é o caso típico da historia do “golpe”. Aqui dentro não pegou, mas no exterior, onde faltam informações e é mais difícil compreender os detalhes legais do processo de impeachment, sem mencionar a não vivência do que foi o governo Dilma, a narrativa petista sensibilizou algumas personalidades do mundo da cultura e das artes. Contaram também com aliados em minorias de Câmaras de Deputados.

Sinal amarelo

Fontes que acompanham diretamente as tratativas de delação da Odebrecht estavam convencidas de que as negociações já estão tão avançadas que seria praticamente impossível um recuo por alguma das partes. Mas a decisão chocante do Procurador-Geral da República de cancelar a colaboração de Leo Pinheiro, da OAS, que estava há apenas dois meses “atrás” da concorrente, acendeu o sinal amarelo. Os donos da Odebrecht têm urgência em concluir logo esse processo. Pelo desgaste pessoal de executivos presos, pressa para resolver a questão da empresa, para que ela possa se readequar e voltar à normalidade e agora também para que vazamentos não irritem a PGR.

Esconde-esconde

Hoje há cerca de 20 escritórios cuidando das delações premiadas de executivos e funcionários da Odebrecht implicados de alguma forma pela Lava Jato. São cerca de 60 pessoas e, por mais que fosse estratégico, o processo mostrou ser impossível um ajuste fino entre as versões. É um jogo de esconde.

Nem te conto!

O PT vai “fazer chegar” aos ouvidos da Organização dos Estados Americanos (OEA) que o ministro do Itamaraty, José Serra, desdenhou do documento com pedido de explicações sobre o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma, enviado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Acreditam que pode pesar na decisão do orgão.

Urgência

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O presidente Michel Temer decidiu que não vai esperar as eleições municipais, em outubro, para enviar ao Congresso Nacional o projeto de Reforma da Previdência. Mesmo que não seja apreciado antes, ele quer se livrar logo deste tema espinhoso. Depois de efetivado no cargo, ele sabe que não terá tempo de lua-de-mel com o mercado.

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Chefinho querido

No dia 17, Michel Temer e sua mulher, Marcela (foto), estarão em Nova York para a abertura da assembleia geral da ONU. os compromissos oficiais terminam no dia 22, véspera do aniversário do presidente. há auxiliares defendendo que ele celebre a data voando de volta para o Brasil e, assim, fuja dos puxa-sacos.

Fotos: DOUG PATRoCIO/BRAZIL PHOTO PRESS/AE; DIDA SAMPAIO/ESTADAO; divulgaçÃO; Pedro Ladeira/Folhapress