N o passado, os protagonistas dos contos de fadas eram príncipes e cavaleiros que lutavam pelas mãos das donzelas em castelos e palácios protegidos por fossos e altos muros. Hoje isso mudou: os romances atuais têm como personagens pessoas comuns, homens e mulheres que se encontram e desencontram em trens, restaurantes e salas de espera de consultórios médicos. Uma coisa, porém, permanece igual há séculos: todas essas histórias ainda são inspiradas no mesmo sentimento ­­— o amor.

A segunda temporada de “Amor Moderno”, série da Amazon Prime, segue o mesmo conceito da original, ou seja, é baseada em histórias reais enviadas por leitores e publicadas na coluna homônima do jornal americano “The New York Times”. Concebida, dirigida e roteirizada por John Carney, a produção também mantém o formato de reunir um elenco de atores e atrizes bem conhecidas do público. Se a temporada anterior contou com a participação de Anne Hathaway, Andy Garcia, Tina Fey e Dev Patel, entre outros, agora os oito episódios são estrelados por Kit Harrington (Jon Snow, de “Game of Thrones”), Minnie Driver, Miranda Richardson, Lucy Boynton e Anna Paquin. Em uma época em que os filmes de super-heróis quebram todos os recordes de bilheteria, chama a atenção que uma série possa fazer tanto sucesso contando casos tão comuns. Não há nada de excepcional nessas tramas — a sensação é de que estamos assistindo a relatos que poderiam acontecer com qualquer um de nós.

É exatamente aí que está o segredo: o reconhecimento de que os relacionamentos são coisas extraordinárias em sua simplicidade. Duas pessoas, origens diferentes e, muitas vezes, diametralmente opostas, apaixonam-se. A partir daí, o interessante é descobrir como vencerão as diferenças até ficarem juntas. No episódio de abertura, Zoe (Zoe Chao) tem uma síndrome rara que não lhe permite dormir à noite, apenas de dia; Jordan (Gbenga Akinnagbe) é um esportista, homem diurno. Como conciliar uma relação assim? Há ainda episódios sobre reconciliação, relacionamentos homoafetivos, conexões e traições. Nesse sentido, não importa se estamos nos contos de fadas do passado ou nas fábulas do amor moderno: sempre há espaço para um final feliz.