ROMA, 4 FEV (ANSA) – O primeiro-ministro demissionário da Itália, Giuseppe Conte, afirmou nesta quinta-feira (4) que não será um “obstáculo” para Mario Draghi formar um governo, mas pediu que esse gabinete seja “político”.   

Em breve pronunciamento à imprensa, Conte rebateu algumas informações de bastidores de que ele poderia ser um “entrave” para o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), já que ainda conta com apoio do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), dono da maior bancada no Parlamento.   

“Alguns me descrevem como um obstáculo à formação de uma nova experiência de governo. Evidentemente, não me conhecem ou falam com má fé. Os sabotadores estão em outro lugar. Eu sempre trabalhei e continuarei trabalhando pelo bem do país e para que se possa formar um novo governo”, disse.   

Sua declaração tem um claro destinatário: o ex-premiê Matteo Renzi, que derrubou Conte ao retirar seu apoio ao governo. Em seguida, o primeiro-ministro demissionário afirmou que deseja um “governo político, que seja sólido e tenha coesão suficiente para fazer escolhas políticas”.   

“As urgências do país exigem escolhas políticas. Não podem ser confiadas a equipes de técnicos”, acrescentou Conte, que é cotado para integrar a gestão Draghi como chanceler ou vice-premiê.   

Sua declaração abre uma porta para o M5S apoiar o ex-presidente do BCE, que já tem a seu lado o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e o Itália Viva (IV), legenda centrista de Renzi.   

Após a nomeação de Draghi, o líder do movimento antissistema, Vito Crimi, disse que o partido não estava disponível a apoiar um gabinete “técnico”, mas já há rumores de que o economista possa incluir políticos em seu ministério.   

Pouco depois do pronunciamento de Conte, o chanceler Luigi Di Maio, principal expoente do M5S, afirmou que compartilha “plenamente a necessidade de um forte impulso político no governo que será formado”.   

Se assegurar o apoio do movimento, Draghi poderia inclusive abrir mão dos votos do Força Itália (FI), partido conservador de Silvio Berlusconi e que já sinalizou com um possível aval ao economista.   

No entanto, alas mais radicais dentro do M5S são contra a ideia de apoiar um símbolo do establishment ou de voltar a uma coalizão com Renzi. (ANSA).