A contaminação das fontes de água agrava o problema da escassez de recursos hídricos para a grande maioria da humanidade – até 3 bilhões de pessoas a mais do que se estimava anteriormente, de acordo com um novo relatório divulgado nesta terça-feira (6).

A crescente contaminação está tornando os aquíferos “inseguros” para os seres humanos e a vida selvagem, explicaram pesquisadores de Alemanha e Holanda em um informe.

Até agora, o painel de cientistas climáticos da ONU calculava que cerca de metade da população mundial enfrentasse uma grave escassez de água durante pelo menos um mês por ano.

Mas, se somarmos a contaminação causada pelos fertilizantes, que provoca um aumento no nível de nitrogênio na água, o número de áreas afetadas pela escassez de água aumenta drasticamente.

“A contaminação da água está realmente se tornando um problema cada vez mais importante que torna a água insegura para a natureza e para os seres humanos”, advertiu o autor principal do relatório, Mengru Wang, da Wageningen University & Research, em conversa com a AFP.

As atividades humanas estão despejando grandes quantidades de nitrogênio, agentes patogênicos, produtos químicos e plásticos nos sistemas hídricos.

Publicado na revista Nature Communications, o estudo analisou bacias hidrográficas de todo o mundo, que são fontes essenciais de água potável e centros de atividades urbanas e econômicas.

De acordo com seus modelos informáticos, o número de sub-bacias – unidades menores nas bacias dos rios – com escassez severa de água era o dobro do que se pensava até agora e pode aumentar nas próximas décadas.

Em relação à poluição por nitrogênio, os especialistas estimam que, em 2010, o número de sub-bacias afetadas pelo problema foi de 2.517, em vez de 984.

Esse número pode chegar a 3.061 até 2050, segundo os autores, o que afetaria até 7,8 bilhões de pessoas, ou seja, a grande maioria da humanidade (hoje de cerca de 9 bilhões de pessoas).

Outro autor autor do estudo, Benjamin Bodirsky, do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático, afirma, no entanto, que, com “fertilizantes mais eficientes, dietas mais vegetarianas” e melhores redes de tratamento de água, a situação pode “até ser revertida até certo ponto”.

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