01/08/2019 - 17:32
Ao ser anunciado como país-sede da Olimpíada e Paralimpíada de 2020, o governo do Japão prometeu ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e ao mundo que os eventos em Tóquio (24 de julho a 9 de agosto e as disputas paralímpicas entre 25 de agosto e 6 de setembro) seriam marcados como os mais tecnológicos e sustentáveis da história. A um ano da abertura oficial da Olimpíada, as promessas começam a ganhar corpo e se tornar realidade. Na semana passada, a empresa japonesa Toyota, que fornecerá os carros oficiais dos jogos e faz parte do chamado “projeto robô Tóquio 2020”, apresentou ao público sete robôs, sendo dois deles os mascotes dos jogos, que farão parte do cotidiano do evento, que já considerado o maior e mais lucrativo de toda história olímpica.
Com diferentes formas e habilidades, essas máquinas serão responsáveis por funções diversas, que incluem desde entreter os torcedores e atletas até a assistência de visitantes com dificuldades de mobilidade e trabalho. Isso mesmo, trabalho. Com uma flexibilidade incrível, os robôs humanoides transitarão entre o público com a facilidade de interação por meio de sensores. Será um mundo mágico. De acordo com a Toyota, os robôs conseguirão sentir e repassar a sensação de movimento, como apertar as mãos de um esportista ou um turista.
Outra promessa cumprida é a da sustentabilidade. As cinco mil medalhas foram produzidas a partir de lixo eletrônico, com ouro, prata e bronze extraídos de mais de 78 toneladas de eletrônicos reciclados doados pela população japonesa. Desde 2017, o Comitê Olímpico coletou 30 kg de ouro, 4.100 kg de prata e 2.700 kg de bronze, no valor equivalente a US$ 3 milhões, que vieram de 48 mil toneladas de lixo eletrônico de cinco milhões de aparelhos como celulares, tablets e computadores.
A expectativa de ser o mais incrível evento que se tem notícia de toda história olímpica fez bombar o interesse do público de ver de perto as competições. A procura por ingressos para as competições esportivas foi dez vezes maior do que a quantidade de bilhetes colocados à venda. De acordo com o Comitê Tóquio 2020, cerca de 30 milhões de pessoas acessaram o sistema na tentativa de garantir presença em alguma das 339 competições das 33 modalidades que integrarão o calendário olímpico, maior e mais lucrativo evento esportivo do planeta.
Nunca antes na história dos Jogos Olímpicos aconteceu um problema como a falta de tíquetes para os eventos esportivos. Pelo contrário. Na Rio 2016, os organizadores distribuíram, à véspera das competições menos requisitadas, milhares de ingressos para parceiros e comitivas internacionais para que algumas competições não ocorressem diante de arquibancadas vazias. O Comitê Organizador afirma que serão oferecidos 7,8 milhões de ingressos para todos os eventos. Tal qual nos Jogos Olímpicos da Rio 2016, os residentes do país anfitrião terão prioridade na compra dos tíquetes.
Clima
A Olimpíada será no verão em que os termômetros podem bater facilmente a barreira dos 40 graus. Estudos japoneses apontam que que o verão de 2020 será o mais quente deste século. Para amenizar o problema climático para os atletas e turistas, os horários de várias provas foram readequados.
Turismo
O governo do Japão trabalha com a estimativa de receber 4,5 milhões de turistas durantes a Olimpíada. Calcula-se que, do total de entradas disponíveis, 25% serão destinadas para patrocinadores, federações internacionais e comitês olímpicos nacionais. Outros 25% deverão ter como destino compradores estrangeiros. As entradas para as disputas esportivas terão os ingressos mais baratos por 2500 ienes (85 reais na cotação atual). Já as entradas mais caras custarão 130 mil ienes (aproximadamente R$ 4,4 mil). As cerimônias de abertura e encerramento terão ingressos com valores mais salgados para o bolso: os preços vão de 12 mil da moeda japonesa (cerca de R$ 412) e 300 mil (R$ 10,3 mil).
O Comitê Organizador da Olimpíada japonesa espera arrecadar US$ 800 milhões (aproximadamente R$ 3 bilhões) com a vendas de ingressos, um recorde na história olímpica. Para se ter uma ideia do sucesso do evento no Japão, nos Jogos do Rio, a arrecadação totalizou R$ 1,2 bilhão e, segundo os organizadores, 94,6% dos bilhetes foram comercializados. Aos torcedores brasileiros, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou que a multinacional suíça Match Hospitality AG será a revendedora oficial de ingressos em território brasileiro. Inicialmente, o Brasil pediu cerca de 25 mil ingressos. A Match Hospitality desenvolveu um site oficial em que os interessados podem se inscrever para receber informações atualizadas sobre ingressos, transporte, hospedagem e pacotes para os Jogos de Tóquio 2020.
O setor do turismo no Brasil comemora a proximidade do evento. “Esperamos levar 20 mil turistas para Tóquio”, empolga-se Mami Fumioka, vice-presidente da Quickly Travel, agência de turismo especializada em Japão. Com dezenas de viagens na bagagem, Mami, que é descendente de japoneses, está eufórica com a proximidade dos jogos. “O torcedor, além de assistir às competições favoritas, irá desfrutar da sempre ótima hospitalidade japonesa, de uma culinária mágica e curtir um país maravilhoso”, antecipa.
Diante do estrondoso sucesso nas vendas das entradas das competições, o jeito é mesmo se planejar. Tão importante quanto adquirir os tíquetes é se programar com os vistos, as passagens e a hospedagem. O governo japonês está muito preocupado com uma possível falta de leitos para hospedar tantos turistas. “Durante os Jogos Olímpicos esperamos mais de 10 milhões de visitantes e até 920.000 espectadores e credenciados olímpicos por dia”, alerta Kasumi Yamasaki, responsável pelos transportes para os Jogos de Tóquio.
Não faltará vaga para hospedagem, mas é bom se precaver garantem os organizadores do evento. “Planejamento é algo chave para uma boa experiência olímpica”, diz Manoela Penna, diretora de comunicação e marketing do COB.
Os custos com passagens aéreas, para romper as cerca de 30 horas de vôos do Brasil para a capital japonesa, variam bastantes e dependem de onde será a partida. Os preços dos tíquetes de ida e volta com embarque em São Paulo, de acordo com o google/flights, podem variar de cinco a R$ 7 mil. Já o visto, que sai em tornos de sete dias, custa cerca de R$ 250,00. Detalhe: o visto japonês vale apenas três meses, ou seja, final do mês de maio é uma ótima momento para carimbar o passaporte.
O CEO da agência de turismo Quickly Travel, Sergio Massaki, alerta para uma questão muito importante sobre a viagem aérea para o Japão. “Como para chegar ao Japão não existe voo direto do Brasil, os torcedores brasileiros terão que fazer conexões seja nos EUA, Istambul ou Dubai, por exemplo. Por isso, o turista com destino à Olimpíada não pode se esquecer de tirar o visto dos países em que vai se fazer a conexão. A falta de um carimbo, pode ser o fim do passeio. A imigração do país da conexão não vai deixar o passageiro sem a documentação completa seguir viagem”, alerta.
Resolvida a parte burocrática, é hora de se preocupar com a hospedagem. Estima-se que durante os Jogos Olímpicos o valor da diária em um hotel econômico, numa região bem legal em Tóquio, como Shinjuku, próximo ao estádio olímpico, ficará em torno de R$ 500,00 para duas pessoas. Existem hotéis muito mais caros, com diárias que facilmente chegam aos cinco mil reais. Para fugir da rede hoteleira, uma boa opção são os sites como o AirBnb em que os turistas podem encontrar imóveis em Tóquio ou ao redor da metrópole japonesa à disposição por preços bem mais em conta.
Segunda Olimpíada
Esta é a segunda vez que Tóquio receberá os Jogos Olímpicos Modernos — a primeira vez foi em 1964 —, o que tornou a capital japonesa a ser a primeira cidade asiática a sediar duas vezes as Olimpíadas. A expectativa do Comitê Organizador Internacional (COI) é de que cerca de 4,5 milhões de pessoas estejam presentes nas competições, que serão realizadas na Baía de Tóquio (capital) e região metropolitana (com exceção de Sapporo, a 832 km de Tóquio), em 43 locais definidos para os eventos.
Oficialmente, a Olimpíada começa com o revezamento da tocha olímpica que largará, em 26 de março de 2020, de Fukushima, local que em março de 2011 um terremoto de 9,1 graus no Oceano Pacífico provocou um tsunami, deixando um rastro de destruição e cerca de 18 mil mortos. “Saindo de Fukushima destacamos nossa vontade de que os Jogos sejam os da resiliência e os da recuperação”, afirmou Masayoshi Yoshino, ministro da Reconstrução. A tocha deve chegar à capital japonesa em 10 de julho. “Desejamos que os sobreviventes da catástrofe participem no revezamento olímpico, para dar apoio a todas as pessoas nas áreas devastadas”, completou. A chama olímpica passará por 47 municípios japoneses, antes da abertura oficial dos Jogos, em 24 de julho de 2020.
Com design moderno, 71 centímetros e 1,2 kg, a tocha tem tons em dourado e rosa e formato de uma flor de cerejeira estilizada. A árvore cerejeira é símbolo do Japão e floresce em distintos períodos do ano, do sul ao norte do país. Existem mais de 200 tipos da planta espalhadas pelas ruas e praças da ilha. O símbolo olímpico foi projetado, pelo designer Tokujin Yoshioka, de modo que as cinco chamas se encontrassem.
O comitê nomeou a cor sakura e ouro – sakura significa flor de cerejeira em japonês. Feita de alumínio, com 30% de material reciclado de resíduos de construção de habitações temporárias de Iwate, Miyagi e Fukushima, destinadas a pessoas que perderam suas casas no terremoto e tsunami em 2011.
A escolha de Tóquio como cidade-sede das Olimpíadas foi feita em 7 de setembro de 2013, durante a 125ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional, em Buenos Aires. A votação final elegeu a capital do Japão como anfitriã dos Jogos Olímpicos com 62% dos votos. Anunciada oficialmente como sede das Olimpíadas de 2020 na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, data em que começou a contagem regressiva para a 32ª edição da competição.
Até o momento, tanto a Olimpíada quanto a Paralimpíada contam com um total de 64 patrocinadores, número jamais alcançado por nenhum outro evento esportivo. Juntos, eles desembolsaram até agora US$ 3,1 bilhões. É o triplo do recorde anterior, alcançado em Londres’2012, e quase cinco vezes mais do que o valor obtido na Rio’2016. Maior evento esportivo do mundo fora do calendário olímpico, o Super Bowl, a grande final do futebol americano, movimenta meio bilhão de dólares em patrocínios.
A estrutura dos Jogos Olímpicos conta com 43 locais, sendo 25 já existentes e que passam por adaptação para as competições, 10 temporários e 8 novas construções. Algumas modalidades serão disputadas em lugares que foram construídos para as Olimpíadas de 1964 e permanecem em atividade, como é o caso do Estádio Olímpico, do Nippon Budokan e do Ginásio Nacional de Yoyog. O Estádio Nacional de Tóquio, ou Estádio Olímpico, passa por uma grande reforma para receber a abertura e o encerramento dos Jogos Olímpicos, além das modalidades de atletismo e partidas de futebol. O novo estádio terá capacidade para 68 mil pessoas, ao custo de cerca de 1,5 bilhão. Quem pretende ir às Olimpíadas precisa estar atento para a cidade em que será sediada a competição escolhida, já que Tóquio dividirá a programação com outras cidades. As partidas de futebol, por exemplo, serão disputadas em várias cidades do Japão, como Miyagi, Saitama, Yokohama, Fukushima e Sapporo.
Emblema e mascote
A Olimpíada de Tóquio 2020 tem um emblema inspirado no “ichimatsu moyo”, formas quadriculadas características do período Edo (1603-1867), trazendo a predominância do azul índigo para representar o que a organização das Olimpíadas chama de “expressão da elegância e sofisticação do Japão”. Segundo a jornalista Lorrainne Vilela, da Rede Omnia, autora de um estudo científico sobre a Olimpíada no Japão, “a mascote das Olimpíadas de Tóquio também segue a cartela de cores e formas do emblema e foi nomeada de Miraitowa, nome formado pelas palavras japonesas Mirai (futuro) e Towa (eternidade), que representa o desejo de um futuro cheio de esperança nos corações de todas as pessoas do mundo.”
O emblema de Tóquio 2020 é constituído de três formas retangulares, que representam diferentes países e culturas. A mensagem escolhida para a 32ª edição das Olimpíadas é “unidade na diversidade”, atribuindo ao esporte a função de celebrar as diferenças.
A mascote das Paralimpíada de Tóquio é Someity, criatura inspirada nas tradicionais flores de cerejeira do Japão e que tem, segundo os japoneses, um incrível poder mental e força física, simbolizando a superação de obstáculos dos paratletas. Seu nome é baseado na junção de Someiyoshino (espécie de flor de cerejeira) com o termo “so might” (é possível, em adaptação ao português).